SBT se rende ao governo Lula e enfrenta forte rejeição de parte de sua audiência conservadora

Aceno à esquerda provoca perda de seguidores, reação do público e ruptura com o legado de Silvio Santos

Por Ana Raquel|GNEWSUSA 

A decisão da direção do SBT — hoje comandada pelas filhas de Silvio Santos — de convidar primeiro autoridades ligadas ao governo federal para um evento institucional da emissora desencadeou uma das maiores crises de imagem do canal nos últimos anos junto ao público conservador. O episódio ultrapassou o debate político e passou a afetar diretamente a relação da emissora com artistas, apresentadores e sua base histórica de audiência.

O ponto inicial da controvérsia foi a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de integrantes do Judiciário no palco do SBT, gesto interpretado por grande parte da direita como sinal de alinhamento simbólico à esquerda. Para esse público, a decisão contrariou o legado de Silvio Santos, sempre associado à independência editorial, ao pragmatismo político e ao respeito a uma audiência majoritariamente conservadora.

Perda de seguidores e reação do público

Nas redes sociais, a repercussão foi imediata. Perfis institucionais do SBT e de integrantes da família Abravanel passaram a registrar perda significativa de seguidores, acompanhada de comentários críticos, cancelamentos simbólicos e mensagens de frustração. O movimento foi percebido de forma clara por usuários atentos ao comportamento das plataformas, com redução de engajamento positivo e aumento de manifestações negativas.

A crítica central não foi apenas a presença de autoridades, mas a ordem dos convites e a ausência, naquele primeiro momento, de representantes claros do campo conservador, o que reforçou a percepção de desequilíbrio político e afastamento do público tradicional da emissora.

Zezé Di Camargo e o especial de Natal

A crise ganhou contornos ainda mais sensíveis quando Zezé Di Camargo, nome histórico da música sertaneja e figura amplamente respeitada pelo público conservador, demonstrou publicamente insatisfação com os rumos da emissora. Nos bastidores, o cantor deixou claro que não gostaria de ver sua imagem associada a conteúdos finais do especial de Natal que pudessem ser interpretados como alinhados à esquerda.

O especial de Natal do SBT, tradicionalmente marcado por mensagens de família, fé, união e valores conservadores, passou a ser visto com desconfiança por parte da audiência, que temia a inserção de uma narrativa ideológica disfarçada de celebração institucional.

Paralelamente, o posicionamento de Zezé foi recebido com forte apoio do público conservador, refletido em crescimento visível de seguidores nas redes sociais, além de manifestações de solidariedade e reconhecimento por parte de fãs e eleitores alinhados à direita.

Estratégia de contenção: Ratinho e Flávio Bolsonaro

Diante da escalada de críticas, a emissora buscou conter o desgaste. Um dos movimentos mais claros foi a iniciativa do apresentador Ratinho, um dos nomes mais populares do canal e identificado com pautas conservadoras, ao abrir espaço para Flávio Bolsonaro em sua atração.

A presença do senador foi interpretada como uma tentativa deliberada de reaproximação com a direita, sinalizando que o SBT não abandonaria seu público histórico nem se tornaria um braço informal do governo. A estratégia ajudou a reduzir parte da pressão, mas não foi suficiente para eliminar a desconfiança instalada entre telespectadores conservadores.

Um choque entre herança e nova gestão

O episódio escancarou um conflito maior: o choque entre a herança simbólica de Silvio Santos e as decisões da nova geração à frente do grupo. Para o público conservador, faltou sensibilidade política e leitura do ambiente social. Em um país profundamente polarizado, gestos institucionais carregam significado político, especialmente quando envolvem símbolos históricos e uma base fiel de audiência.

A crise ainda não se encerrou. Para a direita, o episódio deixou claro que neutralidade editorial se constrói com equilíbrio real, não apenas com discurso. E o recado do público foi direto: o SBT corre o risco de se afastar de sua identidade histórica se ignorar as expectativas de quem sempre esteve ao seu lado.

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