Categoria rejeita contraproposta para o Acordo Coletivo, acusa falta de avanço nas promessas feitas desde 2022 e afirma que governo falhou em conduzir solução para o déficit da Petros
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Os trabalhadores da Petrobras aprovaram, nesta quarta-feira (10/12), uma greve nacional marcada para começar à meia-noite da próxima segunda-feira (15/12). A decisão ocorre após a rejeição da segunda contraproposta apresentada pela Petrobras para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), considerada “insuficiente” pela categoria. A nova proposta havia sido encaminhada pela empresa na terça-feira (9/12).
Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a paralisação é resultado direto da ausência de avanço nas negociações envolvendo os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros — tema que impacta diretamente a renda de aposentados e pensionistas da estatal.
A raiz do conflito: o déficit da Petros e as promessas não cumpridas
A Petros, fundo de pensão criado em 1970 para administrar a aposentadoria complementar dos funcionários da Petrobras, é o segundo maior do país. Os PEDs — mecanismos destinados a cobrir déficits atuariais — têm reduzido o rendimento mensal de milhares de aposentados, tornando o tema central nas negociações.
Para a categoria, o governo federal e a Petrobras não avançaram, ao longo dos últimos três anos, na construção de uma solução definitiva. Segundo a FUP, isso descumpre compromissos assumidos desde 2022.
Críticas à gestão das estatais no governo atual
Especialistas e entidades independentes em governança corporativa apontam que a administração das estatais enfrenta desafios estruturais no atual governo. Apesar de promessas de aprimorar a transparência, fortalecer a governança e modernizar os fundos de pensão, analistas afirmam que:
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não houve avanço concreto na revisão dos PEDs;
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falta previsibilidade nas políticas corporativas e nos investimentos da Petrobras;
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há dificuldade de articulação entre governo, direção da empresa e entidades representantes dos trabalhadores;
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decisões estratégicas permanecem pressionadas por fatores fiscais e disputas internas.
Para sindicatos, isso se traduz em falha na condução política e administrativa, já que o tema permanece sem resolução mesmo depois de quase três anos de reuniões, mesas de negociação e consultas técnicas.
“É inadmissível que, após quase três anos de debates, a Petrobras e o governo não tenham apresentado uma proposta sólida para encerrar os PEDs. Estamos falando de aposentados que já perderam parte importante de sua renda”, disse Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
A posição da FUP e os próximos passos
A entidade afirma que continuará orientando os trabalhadores a participar das assembleias, que aprovaram o indicativo de greve por ampla maioria.
“Se a empresa não levar em consideração os três eixos aprovados pela categoria, não temos o que submeter às assembleias. A gestão atual precisa reconhecer que trata-se de uma empresa altamente lucrativa, que cresceu com o esforço dos seus trabalhadores”, declarou Bacelar.
Segundo a FUP, a notificação oficial à Petrobras será enviada nesta sexta-feira (13/12).
Efeitos econômicos e riscos de paralisação
A Petrobras é responsável por aproximadamente 95% da produção nacional de petróleo. Uma greve nacional pode impactar:
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logística de combustíveis;
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produção e refino;
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abastecimento regional;
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operações de plataformas.
Economistas avaliam que uma paralisação prolongada poderia pressionar preços e influenciar o cenário inflacionário, especialmente em derivados de petróleo.
Posicionamento da Petrobras
Até o momento, a Petrobras afirma que mantém o diálogo aberto e que a contraproposta apresentada segue critérios técnicos e financeiros compatíveis com a política de gestão da empresa. A estatal ainda não detalhou novas ações ou possíveis revisões na oferta feita à categoria.
O impasse entre Petrobras, Petros e trabalhadores reabre um debate sensível sobre governança, previdência complementar e o papel do governo federal na condução das estatais. Com a greve marcada para o dia 15, o país acompanha mais um episódio de tensão envolvendo a maior empresa brasileira, enquanto aposentados, ativos e sindicatos continuam à espera de uma solução para o problema que, segundo eles, poderia ter sido resolvido na atual gestão federal.
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