Proposta em discussão prevê congelamento da linha de frente e possíveis zonas desmilitarizadas, enquanto aguarda posição da Rússia
Por Tatiane Martinelli |GNEWSUSA
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, afirmou nesta quarta-feira (24) que uma nova proposta preliminar para encerrar a guerra com a Rússia, negociada entre Kiev e Washington, não exige formalmente que o país desista de seus planos de ingressar na Otan, a aliança militar liderada pelos Estados Unidos.
Segundo Zelenski, caberá exclusivamente à Otan decidir sobre uma eventual adesão ucraniana. Ele destacou que a versão mais recente do plano americano retirou a exigência de um compromisso legal que impediria o país de integrar o bloco militar, como previa uma proposta anterior.
A Ucrânia busca a adesão à Otan como garantia de segurança diante de possíveis novos ataques russos, enquanto Moscou historicamente se opõe à ideia, apontando esse fator como um dos motivos que levaram ao início do conflito.
De acordo com o presidente ucraniano, a versão atual do plano inclui concessões obtidas por Kiev, embora ainda existam incertezas relacionadas à questão territorial e à posição que será adotada pela Rússia. As negociações ocorreram em Miami, e Zelenski afirmou esperar uma resposta russa ainda nesta quarta-feira.
O documento prevê o congelamento da linha de frente nos pontos atualmente ocupados pelas tropas e abre a possibilidade para a criação de zonas desmilitarizadas. O acordo, composto por 20 pontos consensuados entre negociadores americanos e ucranianos, está sendo avaliado por Moscou.
Zelenski reconheceu que alguns pontos da proposta não agradam totalmente ao governo ucraniano, mas destacou avanços em relação à versão anterior, que tinha 28 pontos e incorporava demandas mais favoráveis à Rússia. Entre as mudanças, foi retirada a exigência de que a Ucrânia se retirasse imediatamente das áreas sob seu controle na região oriental de Donetsk, além de ter sido descartado o reconhecimento formal dos territórios ocupados como russos.
Nas regiões de Donetsk, Lugansk e Zaporíjia, o plano prevê que a linha de contato existente na data do acordo passe a ser considerada a referência para o congelamento do conflito. Um grupo de trabalho deverá ser criado para discutir o redesdobramento das forças e os parâmetros para possíveis zonas desmilitarizadas ou econômicas especiais.
O presidente ucraniano afirmou que qualquer proposta que envolva retirada de tropas ou mudanças territoriais será submetida a um referendo nacional. A nova versão do plano também propõe uma administração conjunta, envolvendo Estados Unidos, Rússia e Ucrânia, da usina nuclear de Zaporíjia.
Zelenski anunciou ainda que eleições presidenciais serão realizadas após a assinatura de um eventual acordo de paz. O pleito foi adiado devido à vigência da lei marcial, já que a Constituição ucraniana não permite eleições durante períodos de conflito armado.
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