
Sérgio Moro condiciona a autorização de entrada da Bolívia no Mercosul e cita Protocolo de Ushuaia
Por Nicole Cunha | GNEWSUSA
Moro, apesar de votar favoravelmente, destaca a necessidade de uma comissão especial para avaliar a situação dos perseguidos políticos bolivianos.
“O Brasil evidentemente não é polícia do mundo. O Brasil não tem o dever de policiar outros países no que se refere à manutenção da democracia e dos direitos humanos. Mas quando nós falamos da América Latina a situação é diferente.” – Moro.
Moro relatou que “cedeu aos apelos” de outros parlamentares, destacando que a adesão beneficia ambos os países, mas salienta a importância do respeito à democracia e aos direitos humanos. O presidente Lula, focado no acordo comercial Mercosul-União Europeia, enfrenta desafios diante das críticas e do cenário político argentino.
“Aqui na América Latina nós temos uma grande responsabilidade e o Protocolo de Ushuaia diz exatamente respeito a isso: que é impossível nós admitirmos no âmbito do Mercosul países que têm problemas democráticos. É inconsistente com a plena vigência das instituições democráticas, que é inclusive a expressão utilizada no Protocolo de Ushuaia, a existência de presos políticos em um país”, completou Sérgio.
Histórico controverso da Bolívia
Parlamentares afirmam que preocupação central reside nas ‘suspeitas de presos políticos’ na Bolívia, incluindo a ex-presidente Jeanine Áñez. Moro destaca a carta da senadora boliviana Centa Lothy, solicitando uma comissão do Senado brasileiro para avaliar in loco a situação dos detidos.
“[Venho solicitar] com a maior consideração que nessa visita se possam gerar espaços imparciais para receber informações verazes e, a esse efeito, nós gostaríamos […] que pudéssemos coordenar uma reunião conjunta com [o meu grupo político] […], com a finalidade de proporcionar informações e documentação a respeito [desses presos políticos na Bolívia] […].” – Cena Lothy, Senadora Nacional da Assembleia Plurinacional da Bolívia.
O Senado brasileiro aprova o texto do Protocolo de Adesão da Bolívia ao Mercosul, impulsionando a integração do país ao bloco. Contudo, as preocupações persistem, refletindo as tensões entre os benefícios econômicos e a responsabilidade democrática.
“Hoje, a Bolívia tem suspeitas ou graves indícios no sentido de que tem mantido presos políticos. Em particular, eu me refiro aqui a ex-Presidente Jeanine Áñez. […] cedi aos apelos dos colegas Senadores e chegamos a um acordo para acolher a Bolívia, aprovar o projeto de decreto legislativo, mas também criar, ao mesmo tempo, uma comissão especial de Senadores para que nós possamos visitar a Bolívia e verificar, in loco, a situação desses presos políticos.” – afirmou Moro.

Mercosul, União Europeia e perspectivas
Relembrando eventos de 2019, o contexto boliviano apresenta desafios, desde a renúncia de Evo Morales até os protestos e a controversa ascensão de Jeanine Áñez. O senador Moro destaca a complexidade da situação, onde a América Latina assume uma responsabilidade especial na defesa da democracia.
“O apontamento de que Jeanine Áñez é uma presa política não é só meu, vem do Parlamento Europeu. Uma resolução do Parlamento Europeu aponta Jeanine como sendo uma presa política. Há também um posicionamento do Departamento de Estado norte-americano. E, a meu ver, a existência de presos políticos é inconsistente com a admissão da Bolívia no Mercosul.” – relatou Moro.
O presidente Lula enfrenta desafios no cenário internacional, incluindo as negociações Mercosul-União Europeia e as tensões com a nova liderança argentina. A entrada da Bolívia no Mercosul, apesar das preocupações, representa um passo adiante na integração regional, mas os desafios persistem diante de uma América Latina que busca equilibrar interesses econômicos e princípios democráticos.
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