De garoto de rua a grande nome do humor: conheça a história de Buiú, da Praça é Nossa

Você conhece ele. Há 33 anos, Buiú é presçena garantida na Praça é Nossa. Mas talvez você não conheça a história de superação de Edvan Rodrigues de Souza, que deixou de ser um menino de rua para ser um dos grandes nomes do humor brasileiro.

Nascido em Caetité, na Bahia, Edvan, ou melhor, Buiú, de 38 anos, passou por diversas dificuldades antes de conhecer o sucesso.

“Eu sou um ex-garoto de rua. Nasci em um albergue, praticamente na rua. Quando meu pai ficou sabendo da gravidez da minha mãe, ele não aceitou e expulsou minha mãe de casa. E minha mãe teve vários problemas psicológicos e entrou na bebida. E começamos a morar na rua. Na Bahia, onde eu nasci, os feirante deixam as barracas armadas, e dormíamos embaixo dessas barracas. Minha mãe ficava alcoolizada e perdia o horário do albergue. E enquanto minha mãe fica bebendo, eu estava indo atrás de lixo para comer”, contou, em entrevista ao repórter investigativo Thathyanno Desa.

A situação mudou quando um comerciante de São Paulo, que tinha parentes na Bahia, o viu brincando e viu a chance de realizar o sonho de adotar uma criança. “Um dia ele foi na feira e me viu brincando. Eu pedi para ele um prato de comida, começou a brincar e se apegou. Em duas, três semanas ele voltou lá e perguntou se eu queria ir para São Paulo. Eu tinha quatro anos de idade. E foi pedir autorização para a minha mãe. Ficou uns dois dias conversando e autorizou. Só que eu vim para São Paulo, mas ele não avisou a esposa. Fez uma surpresa. E ela não gostou muito da surpresa. Me rejeitou, não quis saber, e eu fiquei um mês na casa da vizinha, até ela aceitar a ideia. Mas ela me maltratava. Me batia, me chutava, me ameaçava. Depois que eu fui entender o porque. Ela achava que meu pai teve um caso com a minha mãe e me levou para São Paulo. Eu ia muito para a frente do comércio brincar. E lá tinha prédios residenciais e morava o Wilson Vaz, um ator muito conhecido da Praça e escrevia alguns textos. Ele me viu brincando e achou engraçado. Eu cantando enrolado, falando tudo errado, e disse para meu padrasto me levar para fazer um teste na TVS”, revelou.

Quando foi fazer o teste, Edvan caiu no gosto de Arnaud Rodrigues, que foi quem deu o apelido Buiú. E desde então, sua vida se transformou. Tanto que chegou a contracenar com Pelé. “Ali minha vida mudou. Viagens, comerciais. Pelé foi um dos presentes que eu ganhei do Carlos Alberto. Eu tinha 7 anos de idade. Eu nem tinha noção de quem era o Pelé. Só mais tarde que eu fui entender. Eu queria fazer um reencontro com ele, nem que fosse pra tirar uma foto”.

Famoso, Buiú teve chance de reencontrar a mãe. “Ela veio me procurar. Soltaram na mídia que o pai e a mãe do Buiu estava me procurando. Mas depois eu reencontrei a minha mãe e foi muito emocionante”, conta. “Ela teve que juntar provas, porque era muita gente dizendo que era a mãe do Buiú. Ela juntou provas e o juizado de menores autorizou o encontro, isso com 12 anos. Depois que eu surgiu na televisão apareceu muito pai e mãe do Buiú. A gente se encontra e se fala até hoje. Já fui na Bahia, já fiz show lá. Descobri que eu tenho irmãos por parte de pai. Eu ia lá esse ano, mas por causa da pandemia não vai dar. E meu pai tem uns 3 anos que faleceu. Minha mãe morava na cidade e meu pai na roça. E quando chove, bloqueia a estrada. E quando eu fui encontrar ele, o caminho estava bloqueado. E umas duas semanas depois eu descubro que ele tinha falecido”, revelou.

Buiú também falou sobre a vida simples que leva. “Aqui no Brasil, é raro ver artista andando de ônibus, trem. Eu ando de ônibus, trem, jegue, o que for. E é engraçada a reação das pessoas quando me encontra no trem. Perguntam se eu não medo? Eu digo, que meu segurança é Deus. Sem o público, quem seria o Buiú? Eu dou atenção para os fãs. Tenho um WhatsApp só para falar com os fãs. Esses dias, me ligou um menino do Amazonas e eu atendi. Fiquei meia hora falando  com ele. O primeiro passo da sabedoria é a humildade. A gente tenta atender todo mundo, mas é gostoso”, conta. “A gente olha para trás e acaba relembrando. Eu comia lixo e hoje estou bem”, completa.

Buiú também relembrou uma pegadinha que a equipe da Praça é Nossa fez com ele. Na ocasião, falaram que o contrato dele seria encerrado, e ele não segurou as lágrimas. Mas no fim, não passou de uma brincadeira. “Passa um filme. Mas quando eu recebi a notícia, a gente ja fica preparado, porque eu já fui mandado embora uma vez. Fiquei quatro anos fora do SBT, e depois fui trabalhar com o João Kléber. Neste meio tempo, eu aprendi de tudo. Fui servente de pedreiro, vendedor, vendi Carnê do Baú. E quando veio a notícia, abala o psicológico da gente. Como eu ia fazer tendo uma criança em casa. Mas a gente tem que se preparar para tudo”, explicou. “Em momento nenhum eu desconfiei. Quando eu cheguei no SBT, a gente sente o clima. E naquele dia, o clima estava muito ruim. E eu já não estava com o texto decorado. Me deram um texto de cinco páginas de um dia para o outro. E receber uma notícia dessas, lascou de vez”, completa.

Sobre o SBT, Buiú se declarou. “SBT é a minha casa. Eu não tenho camarim. A primeira coisa que eu faço, o ônibus da empresa pega a gente na Barra Funda e deixa na portaria. Fico uma meia hora lá conversando com o pessoal, e depois eu subo. Tomo café com os motoristas e no almoço estou com o pessoal da faxina. O SBT é a minha casa. E o Carlos Alberto é meu pai também. 33 anos que ele me pega no colo. Tem um carinho e um cuidado comigo enorme”, revela.

Por fim, Buiú também se declarou ao amigo Jorge Lafond, intérprete do personagem Vera Verão, que morreu em 2003. “Depois que acabou meu quadro com o Arnoud, o Carlos Alberto me deu outros papeis, e me tirou uma carta da manga, que era trabalhar com a Vera Verão. E eu me tremi todo, porque era um baita de um artista. Um prazer enorme trabalhar com ele. E infelizmente ele partiu justo no momento quando a gente ia dar o salto para estourar. Ele faleceu na época que eu estava marcando meu casamento. Ele estava fazendo um tratamento contra a depressão. Teve uma briga com o padre Marcelo, caiu na depressão de novo e se entregou. Foi um grande parceiro. Saudade mesmo”.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*