
O presidente Donald Trump chamou o governo alemão de “delinquente” em seu gasto com defesa e anunciou a retirada de 12 mil dos cerca de 36 mil militares americanos baseados no aliado, membro da Otan (aliança militar ocidental).
“Eles estão lá para proteger a Europa. Eles estão lá para proteger a Alemanha, certo? E a Alemanha deve pagar por isso. A Alemanha não está pagando. Não queremos ser mais otários. Assim, estamos reduzindo nossas forças porque eles não estão pagando suas contas. É bastante simples, eles são delinquentes”, disse Trump na Casa Branca. A queda de braço remonta à chegada de Trump ao poder, e sua reativação pode ser creditada às dificuldades eleitorais do presidente em sua campanha à reeleição. O tom virulento, contudo, gerou indignação na Europa e também em casa.
“A redução não é do interesse da Alemanha ou da Otan (aliança militar ocidental), e não faz sentido geopolítico para os EUA”, escreveu no Twitter Peter Beyer, o coordenador de relações transatlânticas do governo da chanceler Angela Merkel. O senador republicano Mitt Romney, que é crítico do correligionário Trump, chamou o anúncio de “um tapa na cara de um aliado”. Já o democrata Joe Biden, que por ora é favorito contra o presidente no pleito de novembro, afirmou por meio de seu escritório de campanha que irá rever a decisão se eleito.
Politicagem à parte, a discussão sobre os gastos de defesa no escopo da Otan não é nova, apenas foi acirrada por Trump. A meta do grupo de 30 países é que todos usem ao menos 2% de seu PIB (Produto Interno Bruto) no setor -hoje são apenas 9.
No auge da Guerra Fria, havia mais de 200 mil soldados americanos na então Alemanha Ocidental. Contingentes similares de Moscou se posicionavam no lado oriental do país, reunificado em 1989 -dois anos depois, o império comunista viria a desabar. O país é um dos principais centros de apoio logístico a operações dos EUA em regiões como a África e Oriente Médio. Ele sedia, em Spangdahlem, 24 caças F-16 C/D, que serão transferidos para a Itália, assim como cerca de 2.000 militares.
Essa mudança visa reforçar o flanco mediterrâneo da Otan, ameaçado pelas guerra civis na Líbia e na Síria, onde o país-membro Turquia está envolvido, assim como a Rússia. A Itália, contudo, é um dos membros que menos contribui com a aliança, apenas 1,22% de seu PIB.
Faça um comentário