
Associação Brasileira Judaica considera comparação do presidente Lula como “absurda e irresponsável”
Por Carla Pereira|GNEWSUSA
A Associação Brasileira Judaica (ABJ) emitiu uma nota oficial repudiando as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou as políticas de Israel em relação aos palestinos ao regime nazista de Adolf Hitler. As afirmações polêmicas de Lula foram feitas durante uma entrevista na última quinta-feira (16) e geraram uma onda de críticas e indignação por parte de líderes judaicos e membros da comunidade internacional.
“É com profunda consternação que recebemos as declarações do presidente Lula, que não apenas distorcem a história, mas também desrespeitam a memória das vítimas do Holocausto”, afirmou David Levy, presidente da ABJ.
Levy destacou que a comparação feita por Lula é “absurda e irresponsável” e que “ignora completamente os fatos históricos e a realidade do conflito entre Israel e os palestinos”.
A comparação entre Israel e o nazismo é um tema extremamente sensível e que gera grande controvérsia. Para muitos, essa retórica inflamatória é vista como uma tentativa de deslegitimar o Estado de Israel e sua política em relação ao conflito palestino-israelense.
“Comparar Israel ao nazismo é não apenas absurdo, mas também profundamente irresponsável”, disse Sarah Goldstein, porta-voz da Liga Antidifamação. “Essas declarações alimentam o anti-semitismo e contribuem para a demonização de Israel.”
Repercussão internacional
Além do repúdio da comunidade judaica, líderes políticos de diversos países também se manifestaram contra as comparações feitas pelo presidente Lula.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, também comentou os comentários de Lula, dizendo que acusar Israel de perpetrar um Holocausto “é ultrajante e abominável”.
“O Brasil está ao lado de Israel há anos. O presidente Lula apoia uma organização terrorista genocida – o Hamas, e ao fazê-lo traz grande vergonha ao seu povo e viola os valores do mundo livre”, acrescentou.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou as declarações de Lula como “inaceitáveis” e afirmou que elas “mostram uma profunda ignorância sobre o que é o nazismo e sobre a história de Israel”. Outros líderes mundiais, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da França, Emmanuel Macron, também expressaram desaprovação em relação às comparações feitas pelo político brasileiro.
Além do agradecimento, o comunicado faz um apelo para que a Corte Internacional de Justiça leve em consideração a declaração de Lula. A África do Sul já entrou com uma ação na Corte acusando Israel de genocídio do povo palestino, e o Brasil manifestou seu apoio a essa ação. Recentemente, a Corte divulgou uma decisão reafirmando que Israel deve garantir segurança e proteção aos palestinos na Faixa de Gaza.

Falta de retratação
Diante da repercussão negativa, Lula ainda não se pronunciou publicamente para esclarecer ou retratar suas declarações. A falta de um posicionamento oficial do ex-presidente aumenta a indignação da comunidade judaica e de outros grupos que se sentiram ofendidos pelas comparações.
O debate em torno das relações entre Israel e Palestina continua a ser um tema sensível e complexo, com opiniões divergentes sobre como alcançar uma solução pacífica para o conflito de longa data. As declarações de Lula, além de serem ofensivas e distorcidas, contribuem para a polarização do debate e dificultam a busca por um diálogo construtivo.
A ABJ espera que o presidente Lula retrate suas declarações e se desculpe com a comunidade judaica e com todos aqueles que se sentiram ofendidos por suas palavras.
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