Montadoras Chinesas de carros elétricos expandem no Brasil e miram a América Latina

BYD Shark em evento de lançamento no México. Foto: Henry Romero.
Com novas fábricas e estratégias de mercado, BYD e Great Wall enfrentam desafios e oportunidades em um dos maiores mercados automotivos do mundo.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA

Marcas chinesas estão construindo fábricas no Brasil para vender carros livres de tarifas em toda a América Latina. Excluídas do mercado americano e na mira das autoridades na Europa, as fabricantes de carros elétricos da China se concentram em países onde são bem-vindas, como o Brasil.

Quando os carros chineses chegaram ao Brasil, eram conhecidos como “ruins e baratos”, segundo Thiago Luiz Ferraz Pereira, advogado em São Paulo. Porém, essa percepção mudou. Há seis meses, ele pagou R$ 314 mil pelo SUV compacto Haval H6 da Great Wall, optando por ele em vez de um BMW X3 híbrido, que custaria cerca de 60% mais. “Tenho muito mais carro por um preço muito mais baixo”, afirmou.

Mesmo com a expansão, BYD e Great Wall ainda enfrentam obstáculos no Brasil. Apesar do presidente da republica ser um amigo de longa data do governo chinês, o governo brasileiro impôs tarifas de 10% sobre as importações de elétricos este ano, que aumentarão para 35% até 2026.

Stellantis, Toyota e Volkswagen prometeram cerca de US$ 19 bilhões (R$ 97 bilhões) em investimentos no Brasil, principalmente desde meados de 2023, colocando o país acima do México como principal destino na América Latina. A maior parte desse investimento vai para carros híbridos que podem ser abastecidos com gasolina e etanol.

Os veículos elétricos representam apenas uma pequena fatia do mercado, mas a concorrência está aumentando. Isso faz parte da estratégia do governo para reindustrializar o Brasil, seguindo um modelo semelhante ao da China.

BYD e Great Wall já dominam as vendas de veículos elétricos no sexto maior mercado automotivo do mundo. Agora, as duas gigantes chinesas estão construindo fábricas no Brasil, o que ajudará a vender carros sem tarifas em toda a América Latina, enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, promete encargos de 100% nos Estados Unidos.

Se as empresas chinesas quiserem alcançar mais consumidores globais, precisarão investir, produzir e gerar empregos no exterior. É exatamente isso que as montadoras estão fazendo no Brasil. A BYD espera iniciar a produção em meados de 2025 em uma nova fábrica, a primeira fora da Ásia. A Great Wall pretende começar a produzir SUVs no país antes do final deste ano.

“As marcas chinesas precisam investir fora da China para evitar que o protecionismo fique mais severo”, disse Ricardo Bastos, diretor de relações institucionais da Great Wall no Brasil.

O investimento direto chinês no Sudeste Asiático quase quadruplicou no ano passado. No setor automobilístico, a BYD tem um grande projeto na Hungria, e a Chery anunciou planos de produção na Tailândia. O investimento estrangeiro chinês ao longo da cadeia de produção de veículos elétricos provavelmente bateu um recorde de US$ 30 bilhões em 2023, segundo o Rhodium Group.

Ricardo Bastos afirmou que vê o Brasil como uma porta de entrada para toda a região, “desde México, Colômbia, Argentina ao Peru.” O mercado automobilístico da América Latina vale quase US$ 130 bilhões.

O Brasil é um mercado crucial para as fabricantes chinesas, segundo Yale Zhang, diretor-gerente da consultoria Automotive Foresight em Xangai. Elas enfrentam muitos obstáculos nos grandes mercados desenvolvidos, por isso, precisam conquistar os maiores mercados emergentes.

A participação de mercado da BYD e da Great Wall está aumentando rapidamente. Nas vendas de veículos elétricos, elas já detêm os dois primeiros lugares, impressionando até mesmo compradores brasileiros de carros de luxo com uma combinação de preços mais baixos e alta tecnologia.

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