RS enfrenta risco de Onda de Violência e confronto de facções após enchentes

Policiais participam de operação no bairro de Azenha, em Porto Alegre. Foto: Reprodução: Bruno Santos .
Especialistas alertam para aumento de crimes em consequência de desastres climáticos; governo gaúcho reforça medidas de segurança.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA

A crise humanitária provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul criou um cenário propício para o aumento da criminalidade, que pode ir além de saques a casas abandonadas, furto de comida doada e violência nos abrigos temporários. Especialistas em segurança pública alertam para o risco de agravamento da violência a longo prazo.

A Secretaria de Segurança Pública do estado afirma estar ciente desses riscos e já está tomando medidas preventivas. A análise é baseada em desastres climáticos anteriores, como o furacão Katrina nos EUA, em 2005, onde a criminalidade aumentou devido ao deslocamento de pessoas, prejuízos econômicos, desemprego e interrupção do acesso à educação.

No Rio Grande do Sul, as facções criminosas também sofreram perdas e deslocamentos por causa das chuvas, o que pode levar a novos crimes e conflitos por território. “As facções tiveram prejuízos em seus depósitos de droga e vão buscar recuperar isso através de outras modalidades criminais”, explica Rodrigo Azevedo, professor da PUC-RS e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A Secretaria de Segurança Pública já observou que alguns saques a residências durante as enchentes foram coordenados pela facção Os Manos. Em resposta, a polícia aumentou o patrulhamento em áreas afetadas, resultando na redução desses casos.

O estado já vinha experimentando uma queda nos índices de crimes violentos desde 2018, com uma breve interrupção em 2022 devido a conflitos entre facções. A disputa entre Os Manos e a facção Bala na Cara diminuiu nos últimos anos, mas pode se reacender devido ao deslocamento de pessoas pelas chuvas.

Especialistas temem que a construção de “cidades temporárias” para os mais de 70 mil desabrigados possa criar novos bairros periféricos, com pouca infraestrutura e presença policial, facilitando o aumento da violência. “Isso pode gerar um ambiente propício para a violência doméstica e o abuso sexual contra grupos vulneráveis”, alerta Azevedo.

O secretário de Segurança Pública, Sandro Caron, afirma que o governo está tomando medidas preventivas, incluindo o aumento do patrulhamento, convocação de policiais da reserva e cancelamento de folgas. “Estamos três passos à frente do crime organizado”, diz Caron. Ele destaca a implantação de novas bases operacionais em áreas afetadas, como Porto Alegre e Matias Velho, para garantir uma presença estatal mais forte.

Caron também mencionou que as “cidades temporárias” terão policiamento preventivo e que políticas de transporte e assistência social estão sendo avaliadas. Uma reunião entre técnicos das áreas de segurança e economia foi realizada para mapear as regiões mais afetadas e priorizar ações de assistência e policiamento.

O governo estadual, liderado pelo governador Eduardo Leite (PSDB), garantiu prioridade no orçamento para a segurança pública após o desastre. “Teremos força total na segurança pública, tanto para repor equipamentos perdidos quanto para atender novas necessidades”, afirma Caron.

Estudos mostram que desastres climáticos têm um impacto profundo na vida da população, incluindo aumento no consumo de drogas, problemas de saúde mental e violência doméstica. Se isso resultará em mais homicídios e outros crimes violentos dependerá das condições locais de criminalidade e da resposta das autoridades.

“Acompanharemos e cobraremos das autoridades as medidas necessárias para evitar o aumento da criminalidade”, conclui Azevedo.

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