Violência armada nos EUA é declarada crise de Saúde Pública

Diretor-Geral de Saúde dos Estados Unidos, Vivek Murthy. Foto: Mandel Ngan/AFP.
 Autoridade de saúde declara emergência diante do aumento alarmante de mortes por armas de fogo, afetando desproporcionalmente jovens e comunidades negras nos Estados Unidos.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA

Na utlima terça-feira (25), Vivek Murthy, o principal autoridade de saúde dos Estados Unidos, declarou a violência armada como uma crise de saúde pública, lançando um apelo urgente por medidas efetivas para combater o crescente número de mortes por armas de fogo no país.

Murthy, médico e ex-militar da Marinha, nomeado por Joe Biden para liderar o Serviço de Saúde Pública, enfatizou que essa crise afeta desproporcionalmente pessoas negras e jovens americanos, causando não apenas perdas de vidas irreparáveis, mas também um profundo luto e trauma generalizado na sociedade.

“A violência armada é uma crise de saúde pública urgente que causa perda de vidas, dor incalculável e luto profundo em muitos americanos”, afirmou Murthy, destacando a necessidade urgente de investimento em cuidados de saúde mental para mitigar os danos.

De acordo com um relatório divulgado por Murthy, aproximadamente 50 mil mortes anuais nos Estados Unidos estão relacionadas a armas de fogo, com metade desses casos sendo suicídios, seguidos por homicídios e acidentes.

Ele destacou que essa realidade não se limita às vítimas fatais, afetando também milhões de sobreviventes de tiroteios, testemunhas e pessoas expostas ao tema através da mídia.

A violência armada se tornou a principal causa de morte entre crianças e adolescentes nos EUA a partir de 2020, uma estatística alarmante que supera significativamente as taxas de outros países desenvolvidos como França, Alemanha e Japão, conforme ressaltado no relatório de Murthy.

Ele mencionou ainda um aumento nos ataques a tiros, que embora representem uma pequena porcentagem das mortes totais por armas de fogo, atraem grande atenção pública e intensificam a urgência da crise. Diante desse cenário, Murthy propôs investimentos significativos em cuidados de saúde mental como uma medida crucial para mitigar os danos causados pela violência armada.

No entanto, suas recomendações esbarram na resistência política nos Estados Unidos, especialmente do Partido Republicano, que defende fortemente o direito constitucional de portar armas e se opõe a restrições legislativas nesse sentido.

A Associação Nacional do Rifle (NRA), um dos principais grupos lobistas pró-armas do país, criticou o posicionamento de Murthy como parte de uma suposta campanha do governo Biden contra portadores de armas que respeitam a lei.
A controvérsia em torno do tema ganhou novo destaque após uma decisão recente da Suprema Corte dos EUA, que afirmou a constitucionalidade de uma lei que impede a posse de arma para cidadãos com ordens de restrição relacionadas a casos de agressão doméstica.

À medida que o debate sobre controle de armas continua polarizado nos Estados Unidos, a declaração de Murthy representa um marco simbólico na luta por políticas públicas mais rigorosas para enfrentar a violência armada e suas repercussões na saúde e segurança da população americana.

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