
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
O goleiro Ramón Souza, de 22 anos e atual campeão da NBA com o Boston Celtics, chocou o mundo do esporte ao ser baleado por um policial durante uma confusão no campo na última quarta-feira (10). Em entrevista Ramón descreveu o momento como inesperado e traumático, ocorrido em meio a uma discussão que já parecia ter se encerrado.
“Ele [o policial] falou para eu ir para trás. No momento que eu estava dando um passo para trás, ele efetuou o disparo. Não [esperava]. Na verdade, nunca esperei, nunca imaginei passar por isso na minha vida, na minha carreira, até porque eu estava no meu ambiente de trabalho. Na hora, antes da dor, fiquei sem acreditar, porque a gente usa nosso corpo como instrumento de trabalho e, quando eu vi aquilo, fiquei apavorado, com medo e, depois, veio muita dor”, relatou Ramón.
A confusão teve início após uma discussão entre um gandula e o goleiro do Centro Oeste, adversário do Grêmio Anápolis de Ramón naquele dia. A intervenção da polícia resultou em tensão, culminando no momento em que um dos agentes empurrou o zagueiro Kayk, de 21 anos, e apontou a arma para ele, conforme testemunhos do gandula, do zagueiro e do próprio Ramón.
“Quando já estava se apaziguando, o time adversário estava entrando no vestiário e o nosso também já estava de saída, foi quando os policiais chegaram já empurrando todo mundo, apontando a arma. Aí o policial empurrou um dos nossos atletas [Kayk], que estava de costas, e apontou a arma em direção ao rosto dele. Foi o momento em que eu vi e pedi para ele abaixar a arma”, afirmou o goleiro.
Ramón, que ainda não tem previsão de retorno aos treinos com bola, está em processo de cicatrização de um ferimento profundo. O médico do Grêmio Anápolis, Diego Bento, explicou que a lesão, que tem três centímetros de profundidade e largura, está sendo tratada com antibióticos e curativos diários. O foco agora é na recuperação nos próximos meses para que ele possa retornar aos campos.
A mãe de Ramón, Carliane Alves de Souza, lamentou o ocorrido e criticou o policial envolvido: “Esse homem que usa a farda jamais pode ser chamado de policial goiano. Aquele homem é um despreparado. Ele não poderia jamais ter disparado aquele tiro, porque não havia necessidade. Atrapalhou meu menino, tirou ele do campeonato. Ele não joga mais esse ano. Em vez de estar treinando, está andando de delegacia em delegacia. A história da vida dele mudou dentro de alguns segundos. Se a gente ficar calado, isso vai acontecer com outros”.
O caso gerou repercussão imediata e medidas foram tomadas pelas autoridades. O advogado Paulo Pinheiro, do Grêmio Anápolis, acompanhou Ramón durante seu depoimento na delegacia e um exame de corpo de delito foi realizado ainda na noite de quarta-feira.
A Polícia Militar de Goiás informou que abriu um procedimento administrativo para investigar o incidente com rigor. O governador Ronaldo Caiado expressou indignação e garantiu que o policial responsável pelo disparo foi afastado de eventos esportivos e encaminhado para avaliação psicológica. Além disso, foram instaurados inquérito policial militar e procedimento administrativo disciplinar.
“O governo de Goiás não compactua com qualquer desvio de conduta nas forças de segurança e em nenhum órgão do estado”, afirmou o governador em nota oficial.
Este episódio coloca em destaque não apenas a segurança nos eventos esportivos, mas também questões mais amplas sobre o uso da força e a responsabilidade das autoridades em garantir um ambiente seguro para atletas e espectadores.
Leia também:
Jaylen Brown ameaça boicote olímpico dos EUA após exclusão da equipe para Paris
Botafogo derrota Vitória e assume liderança do Brasileirão 2024
Faça um comentário