Mc Maylon abre o jogo e conta detalhes do dia em que diz ter sido estuprado por Anderson do Molejo

Imagine ser violentado por uma das pessoas que mais se confia. Essa é a alegação feita pelo Mc Maylon, que acusa o pagodeiro Anderson Leonardo, vocalista do Molejo, de tê-lo estuprado em dezembro do ano passado.

E o caso, que ganhou noticiários de todo o Brasil, também foi abordado pelo repórter investigativo Thathyanno Desa, que fez uma entrevista exclusiva com Maylon. Em pouco mais de uma hora, ele contou detalhes da noite em que teria sido abusado pelo cantor. “Vim contar toda a verdade, o que eu estou passando, o que eu estou sofrendo. Acusações. Não quero dinheiro do Anderson. Só quero mostrar o meu caráter e a minha dignidade”, disse.

Maylon, de 21 anos, se chama, na verdade, Maicon Douglas, e mora no Rio de Janeiro. “O Mc Maylon é meio abusado, é sincero. Um menino que sonha. Sonha construir uma carreira. Gosta de passar energia positiva para as pessoas. Amor, carinho, brilho. Gosto de tratar as pessoas assim”, conta.

Na entrevista, ele disse ter conhecido Anderson há oito meses, em um futebol que ele realiza todas as terças-feiras. “E sempre tem a resenha dele. Com pagodeiros, amigos dele. E um amigo em comum me apresentou a pelada dele. Eu fui. Comecei a conhecer o Anderson, fui conhecendo, conhecendo, conhecendo, mas ele não sabia que eu cantava. E eu comecei a ir com as minhas amigas, com meus amigos. Nunca ando sozinho. Sempre com alguém. E esse amigo que me levou lá, falou que eu cantava. E ele marcou uma reunião comigo no escritório dele. Fui para o estúdio dele. Gravei um vídeo. Ele fez um contrato verbal comigo. Eu posso comprovar isso. Tá nas minhas redes sociais. Ele falando que o Mc Maylon tá aí na pista, e eu fui indo em vários show, vários eventos.  E não recebia dinheiro, a única coisa que eu recebia era água”, disse.

Maylon conta que no dia em que ele diz ter sido estuprado, 11 de dezembro, ele estava afastado de Anderson. Segundo ele, estaria de “castigo”, devido a um incidente em um show que teria acontecido cerca de um mês antes. “Eu fiz um show com ele, e a minha bota arrebentou. Neste dia eu fiz quatro shows. No segundo show, minha bota arrebentou. Eu não falei nada para ele. Liguei e contei para a mulher dele e ele ficou puto comigo. Me afastou dos shows e me deixou de castigo por 1 mês e cinco dias. Por ele estar me ajudando, que todos os shows ele me divulgava, dizia para me seguir nas redes sociais, e as pessoas começaram a me seguir. Ele não me ajudava financeiramente, mas me ajudou me divulgando. Eu cantava com ele, dançava com ele nos palcos. A minha bota arrebentou. Eu contei para a ex-esposa dele, ele ficou puto e me afastou um mês e cinco dias. Mas as pessoas assimilaram eu e o Anderson. As pessoas perguntavam cadê o Mc Maylon? Cadê o menino da tatuagem? Eu chamava ele de pai, ele me chamava de filha. A nossa amizade, o nosso amor, sempre foi assim, de pai e filha. Ele me defendia muito. Se alguém falasse mal do Anderson, você ia arrumar um inimigo que era eu. Ele não queria que eu levasse problema para ela, queria que levasse para ele. Mas ele não ia resolver, já que ele não me pagava. Fazia show de graça. Porque eu sou pobre, ter poucas condições, acreditava que ele tinha que me dar pelo menos um trocadinho, mas não estou aqui para falar disso. E ele me deu esse castigo. Castigo foi muito antes. Acho que foi um mês antes. Desde que eu fui estuprado, eu fiquei com esse trauma na cabeça e não me lembro de tudo”, conta.

Segundo o Mc, ele teria sido chamado por Anderson para uma reunião, que iria colocar ao castigo. “E ele me ligou, disse que ia me tirar do castigo, e que ia fazer uma reunião. ‘Uma reunião muito sigilosa, ninguém pode saber. Vai mudar a tua vida. Vamos fazer um hit. As pessoas tem que ver o seu talento’. Marcamos na frente da pelada dele. Eu fui. Entrei no carro dele. Ele falou ‘vamos para um restaurante’. Eu entrei no carro, e as pessoas acham que eu entrei e ele disse para ir a um hotel, se ele me falasse isso, eu não iria. Meu dia foi ótimo. Com a minha família, com a minha mãe, com o meu padrasto, minha irmã, meu sobrinho. Dentro de casa mesmo. Não a evento nenhum. Ele me ligou, marcou essa reunião. E eu fui em encontrar com ele, por volta da meia noite”, revela.

Thathyanno perguntou a Maylon se ele achava estranho o horário da reunião, e ele disse que não, pois já faziam reuniões profissionais dentro do carro, em horários como esse. “A gente sempre fazia. E nunca teve nada. Nunca me encostou um dedo. Falava, você errou aqui, vamos animar mais, vamos cantar funk, vamos cantar pagode. Sempre assim, me ajudando. Eu não estou aqui para denegrir a imagem dele. Estou aqui para explicar o que aconteceu aqui do estupro. Antes disso, nós tínhamos um elo de filha para pai. Eu não esperava isso. Me pergunto até hoje, o porque ele fez isso comigo. Um cara que me defendia, que gostava de mulher. Do nada me estuprou, mesmo eu sendo gay”.

“Essas reuniões que a gente fazia era para falar de eventos, shows. A gente sempre falava coisa de trabalho. Eu confiava dele de olhos fechados. Nos encontramos na frente do futebol. Eu entrei no carro dele. Pegamos a estrada, e tem um restaurante onde ele falou que nós íamos comer alguma coisa. Mas ele entrou antes, no hotel. Eu já me retraí todo, fiquei com medo, eu tinha o sonho de casar virgem”.

Thathyano perguntou o que Anderson disse para marcar a reunião. “Ele ligou às 20h. Ele falou, filho, vamos marcar uma reunião. Você tem que voltar aos palcos. Como você está. Eu falei que estava indo no sacolão comprar uns legumes. Depois voltava para casa, tomava um banho e ia para a reunião para gravar um hit, uma música nova que ia mudar a minha vida. Ele ligou antes de nos encontrarmos, umas três vezes”.

O repórter investigativo, então, perguntou se o Anderson já tinha perguntado se ele tinha atração por ele. “Isso é uma mentira. Ele até falou isso para um repórter, que tinha perguntado e que eu teria dito que sim. Isso é mentira do Anderson. Nunca aconteceu. Meu ídolo. Um cara de 48 anos. Que eu chamava de pai”. “No início ele negou tudo, falou que era mentira minha, que eu estava maluco. Que nem me conhecia. Mas com as provas que eu levei a polícia, a cueca, com sangue, com sêmem dele. As pessoas foram vendo foto da gente, vídeo. Agora ele fala que foi consensual, mas não foi consensual. Foi estupro”, completa.

Thathyanno disse que em entrevistas, Anderson diz que poderia provar no fórum que o caso foi consensual. Mas ele voltou a dizer que foi estuprado. “Eu não tenho medo, porque eu só quero passar a minha verdade, não quero prejudicar o Anderson. Tanto que depois que ele me estuprou, fomos em show dele, eu, minha mãe e meu pai, para ele pagar os exames, porque eu não tenho condições. Que pagasse exame de sangue, proctologista. Porque ele fez sem camisinha. Eu tinha o sonho de me casar virgem. Ele acabou com a minha vida, acabou com a minha carreira”.

Na sequência, o repórter colocou áudios em que ele diz que teve relações com alguém, no dia 20 de novembro. E questiona, o porque ele diz ser virgem quando foi estuprado, sendo que o áudio era de 20 dias antes. “É a minha voz, sim. Quem mandou esse áudio é a amiga da irmã do Anderson. Porque eles têm um grupo da resenha deles, onde tem não sei quantos homens no grupo, agressivos ,que só falam palavrão, e tem essa menina, e a gente mandava vários áudios assim para fazer as pessoas rirem, para brincar, para parar de ficar discutindo. A gente mandava muitos áudios assim. Inclusive a garota pegou e colocou só os meus áudios. A gente pegou fotos do google de banheira de hidromassagem. Tô passando por vários médicos para comprovar que eu era virgem”.

Maylon ganhou as notícias também, porque tinha uma tatuagem com o rosto de Anderson em seu braço. Ele contou, a Thathyanno que um dia, o pagodeiro disse que eles iriam fazer um pacto. “Ele pegou um caco de vidro e disse que íamos fazer um pacto, que nunca íamos nos separar. Pai e filha. Ele ia me ajudar na minha carreira artística, gravar vídeoclipe. Queria juntar sangue com sangue e eu não quis isso. Então fiz a tatuagem para mostrar que esse era o nosso pacto”.

Thathyanno perguntou, então, o porquê dele fazer a tatuagem. “Eu fiz porque ele era meu pai, meu padrinho, meu dindinho. Eu pensava nele como meu super herói, e nunca esperava que ele fosse me estuprar. Eu sentia algo como filha. Um amor, um afeto como filha. Para namoro, relacionamento, não. E até então, ele era hétero”, diz.

O repórter voltou a pedir detalhes do dia em que ele teria sido estuprado. “Nos encontramos na frente de onde ele joga futebol. Nos encontramos ali, entrei no carro dele. Ele falou que queria ir num restaurante. Onde eu achei que ele entrar no restaurante, ele disse que não pegaria bem, e embicou o carro dele para o hotel. Quando cheguei no hotel, de entrada, fiquei muito retraído. Ele pegou a chave. No hotel em uma antesala onde ele desligou meu telefone. Tinha o número da minha mãe, do meu pai, do meu padrasto. Desligou e colocou em cima da mesa. Na hora que a gente chegou”.

Ele disse que não lembrava que horas haviam chegado no hotel, mas acredita que era por volta da 1 da manhã.

Thathyanno voltou a questionar se era normal uma reunião nesse horário, e Maylon disse que era. “Até porque ele era hétero, gostava de mulher. E se gostasse de gay, bateria palmas, diria para ficar com qualquer gay, menos com ele, pois era filha dele. Ele tirou meu telefone, me empurrou na cama, tirou a camisa. Eu achei estranho, mas qual homem que não tira a camisa. Eu achei normal”.

Quando questionado sobre como estava quando percebeu que estava entrando em um hotel na entrada, ele disse que ficou retraído. “Ele desligou o telefone, porque quando ele estava me estuprando, eu poderia abrir uma live, fazer alguma coisa. Ele desligou, mandou eu sentar na cama para começar a reunião. Tirou a blusa dele e começou a me agredir, me espancar. Bateu muito na minha cara. Só a gente sabe o que a gente passa. Eu só fui acreditar em estupro, quando eu fui estuprado. Para mim é horrível falar disso. É a minha intimidade. Ele estava com um short, tirou e estava sem cueca. Ele começou aquela briga corporal. Eu disse ‘pare pai, pare porque eu sou virgem’. Ele disse que ‘puta não é virgem, olha essa maquiagem, olha essas roupas’. Eu dizia pare, mas ele entendia ‘sim'”.

Thathyanno perguntou a altura de Maylon, que disse ter 1,80m de altura. E confirmou que Anderson era mais baixo que ele. “Muitas pessoas não estão acreditando em mim, por eu ser mas alto, não ter feito nada. Eu perguntei para psicólogo também. Meu nervo me travou todo. Síndrome do pânico. Fiquei com medo, nervoso. Um cara que me tratava bem. Dá na minha cara, puxa meu cabelo, tira minha blusa, desabotoa a minha calça. Ele tirou a minha calça com o pé dele. E conseguiu tirar. Comecei ficar com dor, medo. Penetrou em mim com o pênis dele no meu ânus. Eu desmaiei. Saiu sangue de mim”, afirma.

Thathyanno diz que a informação é que ficaram no hotel entre uma 1h manhã até 3h, e ele confirmou. “Eu queria sair dali. Só quem passa por essa situação sabe o que é”

O repórter perguntou se ele tinha alguma arma, e Maylon disse que não, só agrediu mesmo. “Assim que ele fez isso tudo comigo, eu fui no banheiro, botei a roupa, tirei o sangue. Ele me colocou no carro e perguntou onde eu queria ficar. Eu nem queria entrar. Mas ali era mato dos lados. E eu estava muito fraco, perdi muito sangue, dor na perna, no ânus. E depois ele me jogou na estrada”.

Thathyanno pergunta porque ele não foi na delegacia, já que Anderson lhe deixou perto de uma, e Maylon disse que não foi, por medo. “Não foi assim de cara. Eu tinha que cuidar de mim, da minha saúde, fiquei depressivo”.

Disse que a mãe não viu os ferimentos porque ele correu para o quarto e ficou alguns dias. “Eu dizia ‘mãe, está tudo bem’. Mas ela me conhece, sabe como eu sou”.

Também disse que não teve ferimentos que saíssem sangue. “Não me deu socos, me deu tapas na cara”

Thathyanno citou a reportagem feita pelo Domingo Espetacular, da Record TV, que diz que Maylon estava dançando no dia 12 de dezembro. Um dia depois do suposto estupro. E ele confirma. “Estava dançando ‘entre áspas’ num evento. Eu estava num camarote com a irmã do Anderson. Ela me chamou de ultima hora porque faltou um amigo dela, e eu ajudando a família dele mais uma vez”, disse.

Perguntado sobre o que quer, Maylon foi direto: “Justiça. só quero que a polícia faça o trabalho dela certo. Não quero dinheiro. Como ele está sendo só investigado, eu não posso falar que quero isso (que Anderson seja preso). Não tenho necessidade de mentir. Se tivesse mentindo, quem iria me enterrar era eu. Para quem já foi estuprado, denuncie. Mas fale somente a verdade. Vá a delegacia. Não, é não. E isso não vai acabar agora. Eu só quero mostrar a minha dignidade e o meu caráter”, completa.

Confira a entrevista completa:

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