
A revelação da influencer digital Karol Eller chamou a atenção para um crime, uma monstruosidade que, infelizmente, acontece todos os dias, Ela contou, nas redes sociais, ter sido vítima de abuso sexual quando era criança e adolescente, o que culminou em inúmeros problemas em sua vida.
O homem mora nos Estados Unidos, em Framingham (MA), e por isso, o repórter investigativo Thathyanno Desa entrevistou Karol, que contou um pouco do pesadelo pelo qual viveu. “Acredito que muita gente que está assistindo sabe que eu sempre falei ‘protejam’ as nossas crianças, porque eu passei por isso. Tem gente me questionando, porque eu demorei tanto para falar. O abusado, quando é abusado, se sente culpado. Ele sente medo e vergonha. E o abusador entra na mente. Até que cresce e percebe que isso não é um carinho de alguém que ama. E quando tenta contar para parentes, em 90% das vezes, eles desacreditam da gente. E foi o que aconteceu comigo. Eu tinha mais ou menos sete anos de idade, tinha um parente muito próximo. Ele me levava para passear. Me colocava no colo. Eu acho que eu não consigo falar. Houve centenas de vezes, vários ligares, na casa dele. Lembro que eram três escadinhas. Ele sentava na primeira. Me colocava embaixo. E ele tocava os meus órgãos, meu órgão genital. Eu muito nova, eu não entendia aquilo ali. Aquilo me doía, mas eu não entendia. A gente fica meio perdido. Houve depois, quando eu fui ficando um pouco mais velha, ele me levou para o seu quarto, chegou embriagado. Se despia, me despia. E colocava o órgão no meu. Já teve vez de abrir a minha vagina e ficar olhando, até chegar o momento de deslizar o órgão genital. Depois ele dizia ‘me perdoa’. Passou um tempo, quando eu caí na real. Eu sou uma pessoa muito espiritual. Tentei buscar o perdão. Busquei de todas as formas o perdão. Mas não aconteceu”, conta Karol, que sofreu abusos até os 14 anos.
Depois, o homem encontrou uma outra vítima: Karisten, o irmão de Karol. “E quando ele se afastou de mim, ele se aproximou mais do meu falecido irmão, Karisten Eller. Ele começou a abusar do meu irmão. Ele morreu com 25 anos, de acidente de carro. O meu irmão, quando me contou, disse que estava sendo abusado sexualmente, que era gay por causa dessa pessoa. Ele levava o meu irmão para orgias. O Karisten foi abusado desde que tinha 12 anos de idade, e acho que sofria mais que eu, pela pessoa ter mais prazer com homens”, disse.
Durante a entrevista, Thathyanno chamou também Kariny de Paula Freitas, a irmã de Karisten por parte de mãe. Ela revelou que os últimos dias têm sido difíceis, porque ela acabou relembrando o sofrimento do irmão. “Ele contou, que aos 12 anos de idade foi a parte mais forte dos abusos que ele sofria dessa pessoa. Eu nem sei classificar. Contou das orgias. São tantas coisas que me doem de lembrar, e que eu estou lembrando agora. Eu estou vivendo agora a mesma coisa de quando ele me contou. Eu perguntava porque ele não contou para a mãe, e ele disse que tinha medo, que recebeu ameaças, que se contasse, ele mataria ela. Ele contou para mim e depois a alguns amigos.Tentei localizar o sujeito, chamei o sujeito. A minha reação, como qualquer ser humano, eu ameacei, sim. Ele [Karisten] dizia ‘não faça nada’. A justiça vai ser feita. Mas ele faleceu aos 25 anos com essa mágoa. Como meu irmão faleceu, eu pensava que era só com ele. Eu ouvia ele conversar com a Karol. E foi uma infância roubada. Não sei se ele seria gay. Se deram tempo de tomar essa decisão. Nem ele sabia. Tinha muito transtorno. Às vezes ele se pegava chorando. Ele dizia: ‘esse sujeito desgraçou a minha vida, e ele vai me pagar’. Quando eu vi a postagem da Karol, e eu não tinha contato com ela, mas quando ela contou, voltou tudo de novo. Não é fácil. Para um familiar não é fácil. Imagina para uma criança. O sofrimento de uma criança na mão de um sujeito como esse”, revelou.
Thathyanno também chamou para a entrevista, Geanderson André, que foi namorado de Karisten. “Conheci o Karisten quando tinha de 13 para 14 anos. Na cidade dele. Minha avó tinha casa lá e começou aquele namoro de criança. Depois ele foi para a Espanha e eu para Portugal. Ele conseguiu meu número e me ligou. E nós nos reencontramos depois de muito tempo e voltamos a ficar juntos como namorados. A Kariny nos cedeu a casa e fomos morar juntos. Mas ele tinha uma mágoa muito grande no coração, mas nunca me deu o nome dessa mágoa. Ele falava: Geanderson, eu jamais vou perdoar esse individuo. E não conseguíamos ter uma vida sexual juntos como um casal. Não tinha possibilidade. Era uma coisa meio sadomasoquista, pelo que ele passou. Eu graças a Deus nunca passei por isso. Só peço que seja esclarecido, que o culpado pague, pague bem, Tirou toda a inocência que ele tinha, a vida que ele tinha. É muito difícil explicar com palavras. Quem viveu sabe que de hora para outra ele mudava. Eu espero que a justiça seja feita. Vou por ele, aonde for. Seja no Brasil, na Espanha, onde for, que a verdade vai sair”
O repórter investigativo perguntou também como era isso na cabeça de Karisten. “Ele chegou num momento desequilibrado em algum sentido. Quando ele se meteu nas drogas, ele mesmo me pediu ajuda. Que não podia viver dessa maneira mais. Buscávamos assistência de pessoas que podiam ajudar ele, mas tudo veio da infância. Essa droga não foi aos 20 anos”, disse Karine. “Para ele, estava faltando algo. ele estava tão acostumado em ter mais de uma pessoa junto, que uma só para ele não era nada. É a forma que colocaram ele. Como se fosse criado para ser usado e abusado. essa era a dificuldade do Karisten”, completou o ex-namorado.
“Tem alguns fatos que foram muito fortes e me doem. A permissão que o sujeito colocava de pegar aquela criança entre ele e os amigos, fazer eles ter relações sexuais com ele. Logo um dia que ele arrumou um namoradinho. O homem disse ‘você não pode mais ter relação com ninguém. Você é meu’. Você pensa em fazer o pior com o sujeito. Eu contei para uma prima, que me acalmou. E reviver essa história foi muito doloroso. Ele que queria lutar. Mas a história dele ficou. Quem conviveu sabe. Tem pessoas que desciam com ele chorando para eu não ver ele chorando, para não me fazer sofrer. Eu guardei isso nesses 15 anos. Vai fazer 12 anos que o meu irmão faleceu. Meu irmão teve uma infância roubada e ninguém pode fazer nada. Quando eu vi a postagem da Karol, eu pensei que agora é hora da justiça ser feita. Não é justo eu permitir essa historia dessa maneira, sabendo tudo que eu sei. O bem mais precioso que meu irmão tinha era a mãe. E ele ameaçava ela. E ele sabe que eu sei”, conta Kariny.
A entrevista foi marcada por muita emoção por todos os lados. Thathyanno contou que trouxe o caso, porque o acusado mora nos Estados Unidos, na região de Boston. Que ele deletou o Facebook e que não pode contar o nome, por orientação dos advogados de Karol. ‘Vocês sabem que eu gostaria de colocar a foto dele. Mas infelizmente, eu não posso revelar o nome do acusado que mora no meu estado. E a minha preocupação é com crianças que então ao redor dessa pessoa”, disse.
Thathyanno perguntou a Kariny se ela já havia tentado falar com o homem, e ela revelou que depois da primeira ligação, ele nunca mais atendeu. “O que mais me dói é lembrar. meu irmão era franzininho, magrinho. Eu deixei uma criança no Brasil. E uma criança passar por aquilo, não é justo. Eu não tenho problema, eu vou. Lutarei até o final. Não tenho medo, não tenho pânico, não tenho nada. Morrer eu vou quando Deus quiser, não quando ele quiser. Ameaças? Não tenho medo. Pode colocar o que for. Advogado. E tenho testemunho de amigos íntimos do meu irmão que sabem a verdade”, contou.
“Eu tentei resgatar minha família. Tentei perdoar. Tentei me reaproximar. Perguntei porque ele fez isso comigo e o meu irmão. Ele disse que não se sentia culpado, porque fizeram isso com ele. É um ciclo. E se é um ciclo, parou em mim. Porque eu nunca teria coragem de olhar para uma criança com olhar de desejo. Tentei liberar o perdão para essa pessoa, mas ele não está perdoado. É uma pessoa ruim. Não tem amor pelo próximo. Estuprador merece castração química. Para nunca mais mexer com criança. Acabou com meu psicológico. Tirou meu direito de escolha, minha inocência. A figura masculina ficou muito bruta para mim. Eu amo meus amigos homens, não vou generalizar, por um estrume. Eu falei que tinha perdoado, mas pelas atitudes, eu não perdoo. Me fez uma adolescente revoltada. Mamães e papais, cuidem dos seus filhos, o abusador pode estar do seu lado”, revelou Karol.
A influenciadora digital contou ainda que recebeu ameaças de morte após contar dos abusos. “Fui ameaçada de morte. Por um vídeo que eu coloquei na internet em que eu falei dos abusos. Eu queria que vocês orassem muito pela minha vida. Kariny, não me abandone”, pediu. “Quando eu me abri, eu me sentia tão só. Quem passou pelo mesmo que eu, pelo mesmo que o meu irmão, não se cale. Junte-se a nós”, completou.
“Essa pessoa é completamente desumana. Ela não se arrependeu. Deus sabe tudo. Quando eu vi que ela não tinha um pingo de arrependimento, eu falei ‘agora é a hora’. Eu busquei muito. Eu sou kardecista. Conversei muito com o meu irmão e falei que ia buscar justiça pela gente. Eu morei em um orfanato e vi a forma que essas crianças eram abusadas. Eu vou usar uma palavra que eles julgam muito: gatilho. E o meu gatilho pegou. Eu visto uma armadura. Uma capa. Coloco um sorriso no rosto e vou seguro a vida. Olhe para mim da mesma forma. Como uma pessoa forte. E eu sou uma pessoa forte”, revelou Karol.
Karine disse não tem nenhum vínculo familiar com o homem. “Não tenho contato com nenhum. Se ele entrar em contato comigo, eu vou postar na internet. Eu levo 15 anos essa dor no meu peito. Eu me senti impotente por não poder fazer justiça. Quero justiça por vocês e pelo meu irmão. Talvez assim meu irmão tenha paz. Porque eu não acredito que ele esteja em paz. Sabe como é enterrar um irmão, com essa mágoa que ele teve. Hoje eu posso lutar pela justiça junto com você”.
Por fim, Thathyanno pediu para que os convidados mandassem uma mensagem ao acusado:
“Só espero que Deus toque o coração dele. Toque em tudo, quando for comer, quando for dormir, quando for ao banheiro. Que Deus toque ele, que ele peça perdão não para mim, mas para a Kariny, a Karol. Porque a consciência pesa”, disse Geanderson.
“Não tenho sentimento para dizer mensagem. Só digo que se é doença, que vá se curar. Que peça perdão. Que a justiça seja feita e que pague pelos crimes que cometeu com essa criança”, desabafou Kariny.
“Eu te amei incondicionalmente. Procurei e falei: ‘vamos nos reaproximar. Eu sei que você não me ama, mas que se tratasse por você. Que não tenha uma morte tão tão sofrida. Que Deus te perdoe para que possa ir embora em paz”, completou Karol.
Confira a entrevista completa
Meu Deus Guria! Eu sempre admirei teu trabalho e te achava e acho mega inteligente, hoje eu vejo que és muito mais do que isso, és uma fortaleza em ti mesma, poucas pessoas que passaram pelo que tu passastes conseguem se levantar e ir a luta como estas fazendo. Quanto as pessoas que te questionam do porque só agora, não dá bola elas não tem ideia do que é isso. Sou Jornalista e embora eu não tenha passado por isso nunca tapei o sol com a peneira, já ouvi e vi muita coisa nessa minha trajetória e te digo. A justiça tem que ser feita por todas as crianças inocentes e indefesas que ainda sofrem esse tipo de coisa. Boas sorte nesta tua caminhada e que teus mentores espirituais te protejam e te guiem.
Te adoro garota
Força guerreira.
Muito triste tudo isso! A justiça divina está chegando para este monstro. Fique bem, Karol. Faça justiça para vc e seu irmão, que não está entre nós. Sinta-se abraçada.