Seis migrantes são mortos por disparos de soldados no sul do México

Foto/Reprodução.

Incidente trágico em Chiapas levanta preocupações sobre a militarização da segurança pública e os direitos dos migrantes.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA 

Na noite da última terça-feira (1), um trágico incidente no estado de Chiapas, no sul do México, resultou na morte de seis migrantes, que foram atingidos por disparos de soldados mexicanos que os confundiram com supostos criminosos. O Ministério da Defesa do México (Sedena) confirmou a informação na quarta-feira (2), detalhando que quatro das vítimas morreram no local, enquanto as outras duas faleceram após serem levadas para atendimento em um hospital local.

O incidente ocorreu em um contexto de crescente preocupação sobre a militarização da segurança pública no México. Coincidentemente, no mesmo dia, Claudia Sheinbaum foi empossada como a primeira presidente do país e, durante seu discurso a milhares de apoiadores, desmentiu que a militarização fosse uma realidade no México, afirmando que “é falso” que haja violações dos direitos humanos.

Entretanto, na terça-feira, a porta-voz do gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ONU-DH) expressou preocupação com o papel crescente dos militares na segurança pública, alertando que “é importante que as autoridades avaliem os riscos associados à militarização”.

Em coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira (2), Claudia Sheinbaum classificou o incidente comolamentável e afirmou que uma situação como esta não pode se repetir. Ela destacou a necessidade de investigar o caso e punir os responsáveis, afirmando: “É um fato lamentável e deve ser investigado e punido.” As vítimas, segundo a presidente, eram originárias do Egito, El Salvador e Peru.

Sheinbaum também declarou que as autoridades mexicanas “estão em contato com as embaixadas para prestar apoio aos familiares das pessoas que morreram”, enquanto os soldados envolvidos no incidente “já estão à disposição da Procuradoria-Geral da República” para a investigação.

O grupo de migrantes, composto por 33 pessoas, estava viajando em um comboio de três caminhões, incluindo cidadãos de “nacionalidade egípcia, nepalesa, cubana, hindu e paquistanesa”, conforme relatado pelo Sedena. O Ministério das Relações Exteriores do Peru confirmou que um de seus cidadãos estava entre os mortos e condenou “veementemente” o ocorrido.

A ONU-DH também manifestou “preocupação” com a criminalidade e os “grandes riscos” enfrentados pelos migrantes, evidenciando a fragilidade da situação dos que buscam refúgio em outros países.

O incidente ocorreu por volta das 20h50, horário local, em uma rodovia a cerca de 80 quilômetros da fronteira entre o México e a Guatemala, onde os militares realizavam operações de reconhecimento. De acordo com o Sedena, um dos caminhões “seguia em alta velocidade” e, ao avistar os soldados, “fugiu“. Os outros dois veículos eram semelhantes aos utilizados por grupos criminosos na região.

“Os militares relataram ter ouvido explosões, então dois elementos acionaram suas armas”, levando à parada dos veículos. Relatos da polícia local indicam que os militares perseguiram o comboio por vários quilômetros, enquanto um dos veículos tentou enganar os soldados, mas sem sucesso.

Além dos mortos, o Sedena informou que outros dez migrantes ficaram feridos, enquanto os demais 17 foram entregues ao Instituto Nacional de Migrações. Os dois soldados que dispararam foram afastados de suas funções e denunciados à Procuradoria-Geral do México, dada a gravidade do incidente que afetou civis.

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