Nova categoria da CNH para carros automáticos gera debates

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Especialistas alertam que proposta pode criar custos extras e prejudicar a formação de motoristas.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA

A possibilidade de criar uma categoria específica na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para motoristas de veículos automáticos está gerando polêmica no Brasil. Prevista no Projeto de Lei 7.746/2017, da deputada federal Mariana Carvalho (PSDB-RO), a proposta visa atender à crescente demanda por carros automáticos no país. No entanto, especialistas, autoescolas e motoristas experientes apontam mais desvantagens do que benefícios nessa ideia.

Um custo desnecessário para motoristas e autoescolas

A criação de uma nova categoria de habilitação exigiria profundas mudanças nos processos de formação e avaliação de motoristas. Autoescolas teriam que investir em veículos automáticos, capacitação de instrutores e reformulação dos currículos, o que inevitavelmente geraria custos. Esses gastos seriam repassados para os alunos, tornando o processo de habilitação ainda mais caro.

Além disso, motoristas que desejarem, futuramente, dirigir carros manuais teriam que passar por um novo processo de habilitação. Isso significaria mais taxas e mais tempo gasto, criando obstáculos desnecessários.

Perda na qualidade da formação

Atualmente, a exigência de aprender a conduzir veículos com câmbio manual é considerada uma parte fundamental da formação de motoristas no Brasil. Essa habilidade desenvolve maior coordenação e atenção ao trânsito, aspectos essenciais para situações de emergência.

Permitir que motoristas sejam habilitados sem passar por esse treinamento mais completo pode levar a condutores menos preparados para enfrentar desafios na estrada. Afinal, mesmo que um motorista prefira carros automáticos, ele pode se deparar com um veículo manual em situações imprevistas, como o uso de veículos de terceiros ou emergências.

Burocracia e desorganização no sistema

A introdução de uma nova categoria para carros automáticos também traria complexidade desnecessária ao sistema de habilitação. Órgãos de trânsito teriam que criar novos processos, sistemas e critérios para essa modalidade, aumentando a burocracia e, possivelmente, os prazos para a emissão de carteiras.

Essa mudança poderia sobrecarregar os Detrans e comprometer ainda mais a eficiência de um sistema que já enfrenta dificuldades, como filas para exames práticos e lentidão na emissão de CNHs.

Mercado brasileiro ainda não está preparado

Embora os carros automáticos estejam ganhando espaço no Brasil, eles ainda não são maioria absoluta no mercado. Muitos veículos disponíveis para aluguel, transporte de carga leve ou serviços, como o de aplicativos, ainda utilizam câmbio manual. Criar uma categoria restrita a carros automáticos pode limitar as oportunidades de motoristas que, ao optar por essa modalidade, ficariam impedidos de dirigir veículos manuais.

Conclusão: o que está em jogo?

Embora a proposta pareça moderna e alinhada com as mudanças no mercado automobilístico, ela apresenta mais desvantagens do que benefícios. O custo elevado, a burocracia e o risco de formar motoristas menos preparados são pontos que não podem ser ignorados.

A modernização da CNH deve ser pensada com cautela, garantindo que qualquer mudança realmente beneficie os motoristas e não sobrecarregue ainda mais o sistema de trânsito no Brasil.

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