Pacote fiscal e incertezas econômicas alimentam recorde histórico da moeda americana, mesmo com intervenções do Banco Central.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA
O mercado financeiro brasileiro enfrentou mais um dia de turbulência nesta terça-feira, 17, com o dólar atingindo a marca histórica de R$ 6,20 durante a manhã. Apesar das tentativas do Banco Central (BC) de conter o avanço da moeda americana, a divisa fechou o dia em R$ 6,09, renovando o recorde nominal pelo segundo dia consecutivo.
O cenário de escalada cambial reflete o impacto das medidas anunciadas pelo governo Lula (PT), que enviou ao Congresso um pacote de cortes de gastos e ajustes fiscais. As propostas, porém, têm sido alvo de ceticismo entre investidores e analistas, que questionam a eficiência das ações para estabilizar a economia e controlar o déficit público.
Intervenções do BC não impedem recorde
Em resposta à alta expressiva do dólar, o BC realizou dois leilões extraordinários nesta manhã, injetando US$ 3,2 bilhões no mercado de câmbio. A estratégia conseguiu reduzir momentaneamente a cotação para R$ 6,12, mas não foi suficiente para segurar a pressão sobre o real.
Na segunda-feira, 16, o dólar já havia batido R$ 6,08, impulsionado pelo aumento da taxa básica de juros nos Estados Unidos e pela percepção de instabilidade nas políticas econômicas do governo brasileiro.
Tensão no Congresso agrava crise
Além do impacto direto das políticas do Executivo, o clima de instabilidade foi amplificado pela falta de consenso no Congresso Nacional. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), declarou que o pacote fiscal será parcialmente votado nesta quarta-feira, 18, mas ressaltou que o resultado ainda é incerto.
“Não estou garantindo aprovação nem rejeição. Nós vamos votar, estamos discutindo, conversando”, disse Lira. A indefinição sobre o desfecho das discussões agrava o pessimismo do mercado e mantém a pressão sobre o câmbio.
Pacote de Lula enfrenta críticas
O pacote fiscal do governo Lula, anunciado como uma tentativa de reequilibrar as contas públicas, enfrenta resistência de diversos setores. Especialistas destacam que as medidas propostas não atacam os principais gargalos da economia e podem ter impacto limitado.
Entre os pontos criticados estão o aumento de gastos em áreas consideradas prioritárias pelo governo, que contrastam com as promessas de contenção fiscal.
Mercado perde confiança
Com a cotação do dólar em níveis inéditos e a volatilidade nas alturas, cresce a percepção de que o governo Lula não inspira confiança no mercado financeiro. A alta do câmbio impacta diretamente o preço de insumos e produtos importados, alimentando a inflação e corroendo o poder de compra da população.
Enquanto o governo tenta equilibrar as pressões políticas e econômicas, o mercado aguarda com cautela o desdobramento das votações no Congresso e as próximas ações do Banco Central. Até lá, o dólar segue como um termômetro das incertezas que cercam a política econômica do país.
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