Brasileiros caem em rede de tráfico humano na Ásia: relato de sofrimento e pedidos de socorro

Foto: reprodução
Jovens relatam trabalho forçado, tortura e ameaças após serem atraídos por promessas falsas de emprego em Mianmar.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA

Dois brasileiros estão presos em um complexo clandestino em Mianmar, vítimas de uma rede internacional de tráfico humano. Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, e Phelipe de Moura Ferreira, foram aliciados por promessas de trabalho em empresas de tecnologia e agora vivem em condições degradantes, submetidos a jornadas exaustivas e torturas.

O caso de Luckas

Residente na Ásia entre Filipinas e Tailândia, Luckas aceitou uma proposta de emprego e viajou, no início de outubro, para Mae Sot, cidade tailandesa na fronteira com Mianmar. Durante o trajeto, percebeu irregularidades. “Parece tráfico”, alertou em uma conversa com um amigo, antes de desaparecer.

Depois de entregar o celular aos sequestradores, Luckas passou a usar diferentes números para enviar mensagens criptografadas ao amigo e à família. Ele relatou a dura realidade: trabalho forçado de 15 horas por dia, privação de água e agressões físicas. Em uma das mensagens, desabafou:

“Só quero ir embora. Me ajude, tenho muito medo de morrer. (…) Faz dois dias que não tomo banho. Nós trabalhamos mais de 15 horas por dia. Isso não é vida, não sei o que fazer. Eu quero ir embora ou morrer.”

Porém, o contato foi interrompido há cerca de um mês. Na última comunicação, Luckas relatou estar machucado, com hematomas e dificuldades para andar.

O drama de Phelipe

Em novembro, Phelipe Ferreira, inicialmente dado como desaparecido pela família, também revelou estar no mesmo local que Luckas. Por mensagens enviadas ao pai, ele relatou torturas e ameaças de remoção de órgãos. Segundo Phelipe, os agressores dizem que irão mata-los caso não fizerem o que mandam.

O que é o KK Park

Os brasileiros estão confinados no KK Park, um complexo de “fábricas de golpes” controlado por organizações criminosas, onde trabalhadores forçados aplicam fraudes cibernéticas. Segundo um relatório das Nações Unidas, esses locais são cercados por muros altos, arames farpados e guardados por seguranças armados.

Estima-se que mais de 120 mil pessoas estejam presas nesses complexos em Mianmar, incluindo cidadãos de outros países.

Antecedentes e ações diplomáticas

O caso não é isolado. Em 2022, um grupo de brasileiros ficou preso no KK Park por três meses, sendo libertado após negociações diplomáticas. Agora, o Itamaraty informou que está em contato com as embaixadas do Brasil na Tailândia e em Mianmar, além de autoridades locais, para tentar localizar e resgatar Luckas e Phelipe.

“A Embaixada do Brasil em Yangon segue, igualmente, em contato frequente com os familiares dos assistidos, prestando-lhes assistência consular”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores.

Enquanto isso, as famílias aguardam, temendo pelo destino dos jovens brasileiros que enfrentam uma das situações mais críticas de suas vidas.

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