
Fenômeno natural provoca coloração avermelhada no oceano e levanta questões sobre impactos ambientais.
Por Ana Raquel|GNEWSUSA
Um fenômeno natural tem chamado a atenção de moradores, turistas e especialistas ao longo da costa atlântica da província de Buenos Aires, na Argentina. O mar, tradicionalmente azul, adquiriu uma tonalidade avermelhada em cidades como Mar del Plata e Necochea, gerando surpresa e preocupação entre os frequentadores das praias. O impacto visual foi tão marcante que muitos começaram a se referir ao episódio como “mar vermelho”.
Apesar da aparência incomum, especialistas asseguram que o evento não representa riscos para a saúde humana nem para o ecossistema marinho. A coloração avermelhada é causada pelo chamado “arribazón”, um fenômeno que ocorre quando grandes quantidades de algas marinhas são desprendidas do fundo do oceano e transportadas até a superfície por correntes marítimas intensas. Esse processo pode ser influenciado por tempestades, ventos fortes e o envelhecimento natural dessas plantas aquáticas.
Algas vermelhas e seus efeitos
Análises realizadas pelo Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Pesqueiro (Inidep) identificaram principalmente algas vermelhas das espécies Anotrichium furcellatum e Callithamnion sp, pertencentes à família das Rodofitas, além da alga verde Bryopsis plumosa, do grupo das Clorofitas. Apesar da coloração intensa e do impacto visual, especialistas afirmam que essas algas não são tóxicas. No entanto, recomenda-se evitar o contato direto com elas, pois podem causar desconforto na pele, além de ser desaconselhado o seu consumo.
O maior incômodo relatado por turistas e moradores é o forte odor que as algas em decomposição exalam, especialmente em dias de calor intenso. Com temperaturas superiores a 34°C e sensação térmica próxima de 40°C, muitos visitantes encontram dificuldades para aproveitar as praias. Em alguns trechos, a grande quantidade de algas acumuladas na areia e no mar exige que banhistas caminhem através de uma espessa camada vegetal antes de alcançar águas mais limpas.
Impactos no turismo e economia
O fenômeno acontece regularmente na região, mas a sua intensidade atual tem impressionado os especialistas. Em algumas praias, a concentração de algas foi tão grande que praticamente cobriu toda a superfície do mar, tornando a paisagem pouco convidativa para os visitantes. Comerciantes e donos de estabelecimentos à beira-mar temem que a presença prolongada das algas afete o fluxo de turistas e, consequentemente, a economia local, especialmente neste final de temporada de verão.
Para minimizar os impactos, autoridades municipais de Mar del Plata e Necochea iniciaram operações de remoção manual e mecanizada das algas acumuladas nas praias. Equipamentos como pás mecânicas e caminhões estão sendo utilizados para transportar o material para locais apropriados de descarte. Em áreas como Playa Varese, que funciona como uma espécie de armadilha natural para os resíduos marinhos, a limpeza tem exigido esforços adicionais.
Mudanças climáticas e possíveis influências
Embora o arribazón seja um fenômeno natural e cíclico, cientistas avaliam se as mudanças climáticas e o aumento da temperatura dos oceanos podem estar influenciando a frequência e a intensidade desses eventos. Alterações nas correntes marítimas e nos ventos também são fatores que podem contribuir para a ocorrência desse tipo de fenômeno em maior escala.
Apesar da preocupação gerada, especialistas esclarecem que esse evento não deve ser confundido com a maré vermelha, que é causada por microalgas tóxicas e pode representar riscos para a vida marinha e para a saúde humana. Diferentemente disso, o atual episódio se trata apenas de um deslocamento massivo de algas inofensivas.
A previsão meteorológica para os próximos dias indica ventos mais fortes, o que pode contribuir para a dispersão natural das algas e a restauração da paisagem habitual da costa argentina. Enquanto isso, moradores e turistas aguardam ansiosos pelo retorno da cor azul característica do mar, permitindo que as praias voltem a ser um refúgio ideal para os dias quentes.
Leia mais
Técnico da seleção da Holanda visita CT do Corinthians e acompanha Memphis Depay de perto
Conjuntivite no verão: como se proteger e evitar a doença
O desaparecimento das nuvens e seus riscos para a humanidade
Faça um comentário