Com aumento de 30% nos tratamentos preventivos e adesão recorde a novas terapias, país avança na meta de eliminar a tuberculose como problema de saúde pública.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O Brasil tem avançado de forma significativa no combate à tuberculose, com investimentos em estratégias preventivas e o uso de terapias inovadoras. De acordo com o Boletim Epidemiológico da Tuberculose 2025, o tratamento preventivo da doença cresceu 30% em 2024 em relação ao ano anterior. O destaque vai para o uso da terapia de curta duração, chamada 3HP, que passou a representar 72% do total de tratamentos preventivos no país.
Essa abordagem é voltada, principalmente, ao tratamento da infecção latente da tuberculose — condição em que o paciente está infectado pelo bacilo, mas ainda não apresenta sintomas. O objetivo é impedir a evolução para a forma ativa da doença, especialmente entre crianças, pessoas vivendo com HIV/aids e contatos domiciliares de pacientes com tuberculose ativa.
A terapia 3HP, que combina os antibióticos isoniazida e rifapentina, é administrada semanalmente por três meses (12 doses ao todo), o que facilita a adesão por ser mais curta e apresentar menos efeitos colaterais do que o tratamento convencional, que pode durar até nove meses. Em 2024, essa nova modalidade atingiu uma taxa de conclusão de 80%, a mais alta entre os regimes disponíveis no SUS.
“As tecnologias preventivas viabilizam a meta de eliminação. Em breve, teremos uma terapia de 28 dias, que pode ter uma adesão ainda melhor”, destacou Draurio Barreira, diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e ISTs do Ministério da Saúde.
Diagnósticos seguem elevados, ainda sob impacto da pandemia
O boletim também apontou que, apesar de uma leve queda no número de novos casos em 2024 (84.308), o patamar permanece elevado, próximo ao registrado em 2023 (84.994). A tendência de alta vem desde 2020, quando a pandemia da Covid-19 prejudicou o diagnóstico e tratamento da doença, com muitos casos confundidos com infecções por coronavírus ou não notificados devido ao isolamento social.
Esse impacto refletiu também no número de óbitos e na subnotificação da doença em diversos estados. O Ministério da Saúde projeta que a curva se estabilize nos próximos anos, com possível retorno aos níveis anteriores à pandemia.
Brasil saudável: combate intersetorial à tuberculose
Além das ações clínicas, o governo brasileiro implementou o programa Brasil Saudável, iniciativa inédita que reúne 14 ministérios e diversas organizações para tratar a tuberculose de forma intersetorial. O objetivo é atacar as causas sociais da doença, como pobreza, habitação precária e baixa escolaridade.
Mais investimentos e novas tecnologias
O Ministério da Saúde destinou R$ 100 milhões para ações de vigilância e controle da tuberculose. Outros R$ 20 milhões foram investidos em pesquisas científicas, em parceria com o CNPq, e R$ 6 milhões destinados a projetos de mobilização social realizados por organizações da sociedade civil.
Entre as inovações tecnológicas, destaca-se o Prevenir TB, aplicativo desenvolvido para apoiar profissionais do SUS na indicação do tratamento preventivo mais adequado. Utilizando inteligência artificial e operando como Progressive Web App (PWA), a plataforma guia os profissionais por meio de perguntas clínicas até a decisão terapêutica ideal.
Reconhecimento internacional
Graças aos avanços nas estratégias de prevenção e controle, o Brasil vem ganhando reconhecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo protagonismo na luta contra a tuberculose. O país mantém também a vacinação infantil com a BCG, que previne formas graves da doença.
Com ações voltadas à inovação, prevenção e articulação entre setores, o Brasil reforça seu compromisso com a eliminação da tuberculose como problema de saúde pública até 2035, alinhando-se às metas globais da OMS.
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