Acusado de corrupção pela PGR, ministro de Lula deixa o cargo após Lula ligar e orientá-lo a pedir demissão

Ministro das Comunicações se desliga do cargo para tentar se defender fora do governo. Envolvimento com esquema de desvio de verbas no Maranhão pesa contra ele.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA 

O afastamento de Juscelino Filho do comando do Ministério das Comunicações veio após uma conversa direta com o presidente Lula nesta terça-feira (8). O gesto ocorreu no mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República formalizou uma denúncia contra o agora ex-ministro por envolvimento em casos de corrupção.

De acordo com a Secretaria de Comunicação da Presidência, Lula pediu que Juscelino deixasse o governo. “O presidente Lula telefonou, no início da tarde desta 3ª feira (8), para o ministro Juscelino Filho e o orientou a pedir demissão, para que possa fazer sua ampla defesa fora do governo, informou o órgão em nota.

Horas depois, Juscelino publicou uma carta afirmando que sua saída tem o objetivo de preservar o “projeto de país” liderado por Lula, mencionando ainda o “apoio incondicional” que teria recebido do petista enquanto esteve à frente da pasta.

O encontro que selou a decisão do ministro ocorreu em Brasília, durante um almoço com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e integrantes da cúpula do União Brasil. Segundo interlocutores, o encontro já estava marcado, mas foi reforçado após o avanço das acusações contra o político maranhense.

As denúncias que levaram ao rompimento foram resultado de investigações iniciadas ainda em 2022, quando Juscelino exercia mandato de deputado federal. Na época, a Polícia Federal identificou indícios de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um esquema que teria desviado R$ 7,5 milhões por meio de emendas parlamentares. Os recursos foram destinados à cidade de Vitorino Freire (MA), onde a prefeita era a irmã de Juscelino, Luanna Rezende.

A obra de pavimentação que recebeu o dinheiro foi executada por uma empresa ligada a Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo Imperador. Ele já foi preso por suspeita de pagar propina a servidores federais e, segundo a PF, atuava como sócio oculto da empreiteira beneficiada.

Mesmo com a gravidade das acusações, o partido União Brasil saiu em defesa do ex-ministro. Em nota assinada por Antonio Rueda, a legenda criticou qualquer tentativa de condenação prévia. “Reafirmamos que denúncias não equivalem a culpa, e que o princípio da presunção de inocência deve ser respeitado. O devido processo legal é pilar fundamental do Estado Democrático de Direito, e o União Brasil não admitirá qualquer tipo de pré-julgamento ou condenação antecipada”, afirmou o presidente da sigla.

A defesa de Juscelino também reagiu com dureza. “A defesa de Juscelino Filho esclarece que até o momento não foi notificada sobre a denúncia do Ministério Público. Tal andamento sequer consta na consulta processual. Aliás, em se confirmando, temos um indício perigoso de estarmos voltando à época punitivista do Brasil, quando o MP conversava primeiro com a imprensa antes de falar nos autos”, alegam os advogados.

Eles ainda reforçaram que a denúncia, por si só, não comprova qualquer culpa. “O ministro reafirma sua total inocência e destaca que o oferecimento de uma denúncia não implica em culpa, nem pode servir de instrumento para o MP pautar o país. O julgamento cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF), em quem Juscelino Filho confia que rejeitará a peça acusatória diante da sua manifesta ausência de provas.”

A nota também tenta dissociar os fatos denunciados de sua atuação no governo federal. “Além disso, o ministro ressalta que o caso não possui qualquer relação com sua atuação à frente do Ministério das Comunicações, cuja gestão – assim como em todos os cargos públicos que atuou – é pautada pela transparência, eficiência e compromisso com o interesse público.”

Juscelino agora deixa o cargo pressionado, tentando evitar mais desgaste à gestão de Lula, que tenta preservar sua base aliada. O episódio, porém, deixa evidente o peso que as investigações ainda têm sobre figuras políticas do governo — mesmo em meio ao discurso de “governabilidade”.

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