
PF intercepta carga milionária de remédio para diabetes usado irregularmente para emagrecer.
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
Brasil – Em uma operação realizada durante a madrugada deste domingo (13), a Polícia Federal, com apoio da Receita Federal, frustrou a tentativa de entrada ilegal de quase 400 unidades de um medicamento avaliado em cerca de R$ 1 milhão no Aeroporto Internacional do Recife. O carregamento estava sendo trazido por um passageiro que vinha do Reino Unido.
A inspeção foi realizada durante uma ação de rotina, com base em análise de risco e comportamento suspeito. Segundo os agentes, o homem trazia as canetas de aplicação do remédio escondidas em bagagens de forma improvisada e sem qualquer tipo de autorização sanitária. A suspeita é de que ele atuava como “mula” a serviço de um grupo criminoso especializado no contrabando de remédios de alto valor.
A carga interceptada continha 389 unidades do medicamento Mounjaro, de uso restrito, e cuja venda deve ser feita exclusivamente mediante prescrição médica. Esse tipo de remédio tem sido alvo de redes de contrabando por seu valor no mercado negro e por ser procurado por pessoas que desejam perder peso rapidamente — ainda que não tenha aprovação para esse fim no Brasil.
Estratégia do grupo criminoso
As autoridades não descartam a existência de uma organização com atuação internacional, especializada na entrada clandestina de substâncias controladas. O viajante apreendido é apenas uma das pontas da cadeia, e a investigação já busca identificar os responsáveis pela logística, distribuição e comercialização no país.
Segundo os investigadores, o grupo pode estar usando rotas aéreas internacionais e aeroportos de médio porte para evitar grandes centros e chamar menos atenção.
Riscos à saúde e apelo comercial
O medicamento transportado atua no tratamento do diabetes tipo 2, sendo um injetável de uso contínuo, cujo princípio ativo é a tirzepatida, substância que exige acompanhamento médico rigoroso devido aos efeitos colaterais graves que pode causar.
Mesmo assim, o remédio tem sido procurado indevidamente por pessoas que desejam perder peso de forma acelerada — um comportamento que tem alimentado o mercado paralelo e incentivado ações criminosas.
Especialistas alertam que o uso fora da indicação médica pode resultar em náuseas severas, diarreia, dores abdominais, constipação e até quadros gastrointestinais complexos. Além disso, a automedicação com substâncias como essa pode gerar dependência psicológica, descompensação metabólica e problemas no fígado e rins.
Mercado clandestino e preços abusivos
O valor do medicamento no mercado regular pode ultrapassar os R$ 3.700 por caixa, dependendo da dosagem e da tributação local. No mercado clandestino, no entanto, os preços variam de acordo com a escassez e a procura — fatores que tornam esse tipo de contrabando extremamente lucrativo para quadrilhas organizadas.
Investigação em andamento
A PF mantém a investigação em sigilo, mas já trabalha com a hipótese de relação com outros casos semelhantes em aeroportos brasileiros. O passageiro preso deve responder por descaminho, contrabando e associação criminosa, e poderá ser condenado a penas de até 12 anos de prisão.
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