Operação nacional desarticula rede digital que aliciava jovens para crimes de ódio e desafios perigosos

Adolescentes de várias regiões do país foram identificados como líderes e executores de práticas ilegais em grupos secretos na internet. Polícia Civil e Ministério da Justiça atuaram em conjunto na investigação.

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

Uma operação de grande escala coordenada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro com apoio de unidades especializadas de sete estados brasileiros revelou um esquema alarmante: uma organização criminosa virtual que atuava em plataformas online para atrair e manipular adolescentes, induzindo-os a práticas violentas e ilegais.

Entre os alvos da ação policial está um adolescente de apenas 14 anos, residente em Campo Grande (MS), apontado como um dos líderes do esquema, responsável por estruturar e aplicar estratégias de manipulação digital — o que os investigadores chamam de “engenharia criminosa”. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão e teve equipamentos eletrônicos e documentos confiscados.

A operação, realizada na última terça-feira (15), também envolveu ações em estados como Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás, resultando em cerca de 20 mandados cumpridos, incluindo duas prisões temporárias de adultos e sete internações provisórias de adolescentes.

As investigações identificaram que o grupo se organizava por meio de aplicativos criptografados, como Telegram e Discord, ambientes onde criavam comunidades fechadas. Dentro desses espaços, adolescentes vulneráveis emocionalmente eram recrutados para participar de “desafios”, que envolviam desde automutilação e tortura de animais até disseminação de conteúdos extremistas e discursos de ódio.

Eles operavam como uma seita digital, oferecendo reconhecimento simbólico, como títulos e prêmios, aos jovens que se envolviam mais ativamente nas práticas criminosas,” explicou um dos agentes envolvidos na ação. O modelo de atuação chamava atenção pela estrutura hierárquica e linguagem codificada usada para evitar rastreamento.

Em Goiânia (GO), outro adolescente foi apreendido por determinação da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos. Ele também integrava o núcleo central do grupo. No total, os mandados executados envolveram trabalho integrado com peritos em computação forense e delegacias especializadas em crimes digitais.

De acordo com a legislação, os envolvidos poderão responder por associação criminosa, incitação ao suicídio e automutilação, maus-tratos contra animais, além de apologia ao crime e outros delitos previstos no Código Penal e no Estatuto da Criança e do Adolescente. As penas combinadas podem ultrapassar 10 anos de reclusão.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública acompanhou a operação, ressaltando a importância de monitoramento constante de ambientes digitais frequentados por jovens e da atuação rápida das famílias e das escolas ao perceberem sinais de aliciamento ou mudanças comportamentais nos adolescentes.

A polícia continua analisando os dispositivos eletrônicos apreendidos, e novos desdobramentos são esperados nos próximos dias. As autoridades reforçam o pedido de colaboração da sociedade e alertam os pais sobre os riscos de exposição dos filhos a ambientes virtuais não supervisionados.

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