
Multinacional dinamarquesa e instituições públicas anunciam ações estratégicas que impulsionam produção de medicamentos, dispositivos médicos e tecnologias de ponta para o país.
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA
Três ações estratégicas recentes reforçam o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis), eixo central da política industrial do governo voltada ao fortalecimento da produção nacional e ao abastecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Uma das medidas é o investimento de R$ 6,4 bilhões da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk em uma nova unidade no Brasil. A fábrica, localizada em Montes Claros (MG), ampliará a produção de medicamentos injetáveis destinados ao tratamento de doenças crônicas, como obesidade e diabetes. A empresa já é fornecedora de insulina e remédios para hemofilia ao SUS e deve gerar 600 novos empregos, além dos 2.650 postos existentes.
Outra iniciativa envolve a criação de um fundo de ao menos R$ 200 milhões voltado a micro, pequenas e médias empresas inovadoras na área da saúde. O fundo é fruto de uma parceria entre o BNDES, a Finep e a Fundação Butantan. O objetivo é estimular startups com alto potencial tecnológico, fortalecer a cadeia de suprimentos do SUS e acelerar o desenvolvimento de soluções nacionais.
A distribuição dos investimentos será feita da seguinte forma: o BNDES poderá investir entre R$ 50 milhões e R$ 125 milhões, a Finep até R$ 60 milhões, e a Fundação Butantan pelo menos R$ 50 milhões.
Também faz parte das medidas estratégicas o financiamento a uma empresa de Aparecida de Goiânia (GO), especializada em dispositivos médicos como stents farmacológicos, cateteres e balões periféricos, produtos essenciais em procedimentos cardiovasculares realizados no SUS.
As ações integram a “Missão 2” do programa Nova Indústria Brasil (NIB), lançado em janeiro de 2024, cujo foco é reduzir a dependência externa de insumos, vacinas, medicamentos e tecnologias em saúde. A meta é elevar a produção nacional de 45% para 70% das necessidades do país até 2033. Os recursos destinados a essa missão somam mais de R$ 57 bilhões, entre investimentos públicos e privados.
A Fiocruz, uma das instituições beneficiadas pela NIB, está construindo no Rio de Janeiro o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde, em um terreno de 580 mil metros quadrados. A nova estrutura terá capacidade para produzir até 120 milhões de frascos de vacinas e biofármacos por ano, com prioridade para abastecer o SUS. O PAC prevê investimento de R$ 2 bilhões em quatro anos para o projeto, e a Fiocruz busca captar mais R$ 4 bilhões junto a parceiros.
A fundação também investe em tecnologias de ponta, incluindo a plataforma de RNA mensageiro (mRNA), com desenvolvimento de uma vacina nacional contra a covid-19, atualmente em fase pré-clínica.
O setor de saúde é considerado estratégico pela indústria nacional. O Ceis abrange desde a produção de medicamentos e vacinas até dispositivos médicos e terapias avançadas. Representa cerca de 10% do PIB brasileiro e responde por mais de 30% do esforço nacional em ciência, tecnologia e inovação. Cada R$ 1 milhão produzido no setor farmacêutico gera, em média, R$ 2,46 milhões em valor bruto de produção.
As ações também visam corrigir vulnerabilidades reveladas durante a pandemia de covid-19, quando o Brasil enfrentou escassez de vacinas, equipamentos hospitalares e insumos básicos.
A cadeia produtiva farmacêutica é uma das mais avançadas do país, empregando aproximadamente 900 mil pessoas direta e indiretamente. A consolidação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde é vista como essencial para garantir a soberania sanitária e impulsionar o desenvolvimento tecnológico e econômico nacional.
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