
Com o apoio das federações, Samir Xaud deve ser eleito presidente da CBF, mas clubes pedem mudanças no processo eleitoral e maior protagonismo nas decisões.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) realizará sua eleição presidencial no próximo dia 25 de maio, mas o cenário já é de protesto e exigências por parte de grande parte dos clubes.
Com um único candidato, Samir Xaud, que deverá ser eleito sem contestação, a maioria dos clubes expressou descontentamento e reivindicou mudanças significativas na estrutura e na governança da entidade.
Em uma nota divulgada pela Liga Forte Futebol (LFU), uma das principais representações dos clubes, as equipes enumeraram uma série de exigências para a nova gestão da CBF.
Entre as propostas estão a alteração no processo eleitoral, a criação de uma liga independente e a revisão do modelo de governança da entidade. Embora Xaud tenha o apoio da maioria das federações de 25 das 27, ele obteve o respaldo de apenas 10 dos 40 clubes do colégio eleitoral.
As exigências dos clubes:
- Alteração do processo eleitoral, com mudanças no peso dos votos;
- Obrigatoriedade de participação dos clubes em todas as Assembleias Gerais da CBF;
- Compromisso com a criação de uma liga independente e reconhecimento de que as propriedades comerciais das Séries A e B pertencem aos clubes;
- Revisão das regras de governança, conferindo maior poder executivo à Comissão Nacional de Clubes;
- Profissionalização da arbitragem, garantindo dedicação exclusiva dos árbitros das Séries A e B e investimentos em treinamento contínuo;
- Aprovação conjunta do calendário 2026-2030 por Libra, LFU e CBF;
- Fomento financeiro às Séries B, C e D, além de apoio ao Futebol Feminino;
- Estabelecimento de regras de Fair Play Financeiro.
Xaud será aclamado presidente
O atual cenário eleitoral aponta para a eleição de Samir Xaud de forma quase automática. Embora Xaud tenha o apoio das federações, a pouca adesão dos clubes revela um descontentamento com o processo eleitoral. O apoio dos clubes não é suficiente para garantir sua eleição, já que as federações têm um peso consideravelmente maior na eleição.
Das 40 equipes que formam o colégio eleitoral da CBF (Séries A e B), 29 se manifestaram a favor de Reinaldo Carneiro Bastos, que não conseguiu registrar sua chapa. O único clube que não se posicionou em relação aos candidatos foi o Athletic. Com a preferência das federações e o apoio de 10 clubes, Xaud deve ser eleito na próxima reunião.
O modelo eleitoral e a insatisfação dos clubes
O modelo eleitoral da CBF, que dá peso maior às federações do que aos clubes, tem sido uma das principais críticas. Para que um candidato se inscreva oficialmente, é necessário o apoio de pelo menos oito federações e cinco clubes.
Os times da Série A têm peso 2 no processo, enquanto os clubes da Série B têm peso 1. Já as federações possuem um peso triplicado, o que faz com que os clubes se sintam marginalizados nas decisões.
Marcelo Paz, presidente da LFU e CEO do Fortaleza, expressou a insatisfação dos clubes com a rapidez do processo eleitoral e a falta de representação. “75% dos clubes demonstraram desejo legítimo de mudança, mas esse desejo não pode sequer ser discutido. O modelo eleitoral não foi feito para que a vontade dos clubes prevaleça”, afirmou Paz.
Alessandro Barcellos, presidente do Internacional, também criticou as regras eleitorais: “Os clubes exigem um protagonismo maior, porque somos nós que temos torcedores. Não existem torcedores de federações.”
Afastamento de Ednaldo Rodrigues
A eleição para a presidência da CBF ocorre após o afastamento de Ednaldo Rodrigues, que ocupava o cargo interinamente. Rodrigues, em sua saída, desejou boa sorte ao seu sucessor, Samir Xaud, que, a partir de 25 de maio, assumirá a presidência da entidade.
Xaud, médico e presidente da Federação Roraimense de Futebol, é visto como uma escolha de consenso pelas federações, mas ainda precisa enfrentar as críticas e pressões dos clubes.
O futuro da CBF e dos clubes
Com o apoio das federações consolidado, Xaud parece ser o presidente escolhido para os próximos anos. No entanto, os clubes esperam que a nova gestão leve em consideração as demandas por mais participação e representatividade.
A criação de uma liga independente e mudanças na governança da CBF são temas centrais da discussão, com clubes da Série A e B pressionando por mais poder nas decisões que afetam o futebol brasileiro.
A eleição está marcada para as 10h30 (de Brasília) de domingo, 25 de maio, na sede da CBF, no Rio de Janeiro. Apesar da expectativa de que Xaud seja eleito sem dificuldades, o processo eleitoral ainda está longe de atender às exigências de clubes e dirigentes, que continuarão a lutar por mudanças substanciais no futuro do futebol brasileiro.
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