
Executivo resistiu à tentativa de reestruturação do clube e se desligou após pressão por resultados, críticas públicas e impasse na condução do departamento de futebol.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
Pedro Martins pediu demissão do cargo de CEO do Santos Futebol Clube na manhã desta terça-feira (27). O executivo, que também acumulava a função de diretor de futebol, estava no clube desde dezembro de 2024. Com a saída, o Santos intensifica a busca por um novo profissional para comandar o departamento de futebol.
Segundo apurado Martins enfrentava resistência interna ao tentar implementar um projeto de modernização e profissionalização da gestão do clube. Demissões, mudanças nos processos e novas diretrizes administrativas foram mal recebidas por setores internos e membros da diretoria.
A diretoria santista desejava realocar Martins exclusivamente para a área administrativa, com base na Vila Belmiro, deixando o futebol sob responsabilidade de outro dirigente. Martins, no entanto, não aceitou essa mudança de função, o que precipitou seu pedido de desligamento.
Pressão crescente e crise nos bastidores
A pressão sobre o ex-CEO vinha aumentando nas últimas semanas, impulsionada pelo mau desempenho do time, eliminado precocemente na Copa do Brasil e afundado na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
A situação se agravou com a rescisão milionária do técnico Pedro Caixinha, defendida inicialmente por Martins, e os desentendimentos internos sobre a conduta do atacante Gabriel Veron.
Em 8 de maio, em meio a rumores de demissão, Martins publicou uma imagem enigmática nas redes sociais com a frase “Ainda Estou Aqui” e a localização marcada em Santos. O presidente Marcelo Teixeira negou qualquer saída à época, mas a permanência durou apenas algumas semanas.
Polêmicas e desgaste com a torcida
Martins se desgastou com torcedores e parte da diretoria após declarações em entrevista coletiva em 15 de abril. Na ocasião, afirmou que o “saudosismo vai matar o Santos”, criticando o atraso estrutural do clube e a falta de integração entre setores. A fala causou desconforto interno por expor problemas que, segundo membros da diretoria, deveriam ser tratados internamente.
Outro episódio marcante foi a interrupção das negociações com o técnico Jorge Sampaoli, que negociava com o clube. Martins afirmou publicamente que o Santos “não entregaria a chave do clube a nenhum treinador”, o que foi interpretado como uma crítica direta ao perfil centralizador do argentino, contribuindo para o fim das tratativas.
A saída de Pedro Caixinha também gerou polêmica. O contrato previa multa rescisória de 2 milhões de euros (cerca de R$ 12,8 milhões), com pagamento em até dez dias. Contando com toda a comissão técnica, o valor total gira em torno de R$ 15 milhões. O clube tentou negociar o parcelamento, sem sucesso, e o caso foi levado à FIFA, podendo resultar em um novo transfer ban ao Santos.
Caso Veron e desacordos internos
Outro ponto de atrito foi o tratamento dado ao atacante Gabriel Veron, multado e afastado por episódios de indisciplina. Parte da diretoria defendia sua devolução ao Porto, clube detentor dos direitos do atleta, mas Martins bancou sua permanência. O jogador segue treinando normalmente com o elenco.
Gestão curta, mas marcante
Martins assumiu o cargo após a saída de Paulo Bracks e também acumulou a função deixada por Alexandre Gallo no futebol. Durante sua gestão, liderou a chegada de reforços como o técnico Pedro Caixinha, o lateral-direito Leo Godoy, os zagueiros Zé Ivaldo e Luisão, os meias Zé Rafael, Rollheiser e Thaciano, além dos atacantes Deivid Washington, Tiquinho Soares, Barreal e Gabriel Veron.
Também neste período, o Santos anunciou o retorno de Neymar. No entanto, essa negociação foi conduzida diretamente pelo presidente Marcelo Teixeira, sem envolvimento direto de Martins.
Com a saída do CEO, o clube agora busca um novo profissional para assumir o departamento de futebol, enquanto reorganiza sua estrutura administrativa.
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