
Conversas revelam tentativa de liberação milionária por meio de documentos falsificados e lavagem de dinheiro; investigação aponta possível envolvimento de funcionários do banco estatal.
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
A Polícia Federal abriu uma nova frente de investigação sobre um possível esquema criminoso que visava desviar R$ 300 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As apurações se intensificaram após a análise de trocas de mensagens entre um lobista e o proprietário de uma fintech, revelando uma possível tentativa de fraude estruturada com uso de documentos falsos e suspeita de lavagem de dinheiro.
O principal alvo da investigação é o empresário Patrick Burnett, dono da fintech I9Pay, que já vinha sendo monitorada desde a deflagração da Operação Kryptos, em agosto de 2024, que desmantelou uma rede especializada em crimes financeiros. Ao lado dele, aparece o lobista Christian Simões, que se apresentava como alguém com trânsito livre entre funcionários do banco estatal, prometendo facilitar o acesso a linhas de crédito vultosas.
Em diálogos captados pela PF, Simões afirma ter conversado diretamente com uma pessoa identificada como “Tainá”, supostamente integrante do quadro funcional do BNDES, garantindo que o valor pleiteado estaria disponível: “Conversei com a Tainá e você tem lá trezentos milhão mesmo, viu meninão! Vou buscar esse dinheiro pra você”, disse o lobista em uma das mensagens.
As conversas revelam ainda o detalhamento de etapas do plano. Simões informou ter acesso a senhas e antecipou que iniciaria os trâmites financeiros nos próximos dias: “Estou com a senha aqui. Sexta-feira estou com mago para estruturar os números. Vou dar entrada com cento e sessenta [milhões] e aí vai bingar”, indicou, sinalizando que o primeiro pedido seria de R$ 6 milhões, mas o objetivo final seria liberar valores muito maiores.
A PF suspeita que o grupo pretendia utilizar documentação adulterada e informações falsas para convencer o banco da viabilidade dos empréstimos, além de indícios de lavagem de dinheiro para mascarar a origem ilícita dos recursos. O próprio lobista demonstra confiança na liberação do dinheiro: “Até outubro seu dinheiro está na mão, foi o prometido. O seu está garantido e mais três”, sugerindo que outros empresários poderiam também ser beneficiados pelo esquema.
A operação se desdobra a partir de elementos obtidos durante a Operação Kryptos, que desvendou fraudes milionárias envolvendo empresas de tecnologia financeira e movimentações irregulares no sistema bancário nacional e internacional. Agora, a PF busca confirmar se houve conivência ou participação de servidores do BNDES, fator que pode agravar a gravidade do caso.
Procurado, o BNDES informou que colabora com as autoridades e que qualquer envolvimento de funcionários será apurado internamente. A instituição ressaltou seu compromisso com a transparência e a segurança das operações de crédito.
A Polícia Federal, por sua vez, segue aprofundando as diligências para mapear todos os envolvidos, rastrear fluxos financeiros e confirmar a existência de eventuais ramificações do esquema em outras operações de crédito do banco. A investigação corre sob sigilo judicial.
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