Confira como foi o primeiro debate presidencial

O debate presidencial realizado, no domingo (28), pelos veículos Folha de S. Paulo, UOL, Bandeirantes e Cultura trouxe a primeira oportunidade aos eleitores de ver os principais candidatos ao Palácio do Planalto frente a frente para debater propostas, discutir teses e apresentar suas experiências.

No encontro, o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e o ex-presidiário Lula (PT), ambos protagonistas da polarização com cerca de 80% das intenções de voto nas pesquisas eleitorais, foram os principais alvos.

Os chamados “franco-atiradores” (Simone Tebet, MDB, Felipe d’Avila, Novo, e Soraya Thronicke, União).aproveitaram a oportunidade para se apresentar aos eleitores e expor ideias, em um debate marcado por pautas relacionadas às mulheres, à corrupção e à economia.

Bolsonaro fez perguntas incisivas, adotando uma estratégia de confronto, trouxe a discussão sobre corrupção para posição relevante do debate e em situação desfavorável a Lula, seu principal adversário. Manteve em seu discurso elementos que mobilizam sua base e reforçam o sentimento antipetista. Emplacou pontos mais favoráveis da agenda econômica, como o Auxílio Brasil de R$ 600 e a redução dos preços dos combustíveis.

Lula, por sua vez, não entrou no embate direto. Mais que isso, pareceu ter levado um nocaute de Bolsonaro. Não conseguiu avançar, não deu boas respostas. Apático durante boa parte do evento, não conseguiu responder à altura de acusações de corrupção em seu governo − ponto de maior fragilidade de sua candidatura. Teve postura de coadjuvante no debate e foi um dos principais alvos dos adversários.

O clima esquentou também nos bastidores —o deputado André Janones (Avante-MG), apoiador de Lula, e Ricardo Salles (PL), apoiador de Bolsonaro, partiram para uma briga e foram separados por seguranças. Em reunião com assessores de todos os candidatos ficou acertado que não haveria plateia no estúdio, mas acompanhantes assistiram o debate em uma sala.

Bolsonaro buscou acenar para seu eleitorado durante o programa. Nas considerações finais, levantou as bandeiras de “Deus, família, pátria e liberdade”. Chamou Lula de “ex-presidiário” e citou o avanço da esquerda na América Latina como um risco. “O que vai acontecer com nosso Brasil se esse ex-presidiário voltar para a cena do crime juntamente com Geraldo Alckmin, um homem religioso e católico, mas que resolveu cantar a Internacional Socialista. É a união de tudo o que não presta no Brasil”, disse.

Logo em sua primeira resposta, o presidente criticou o que chamou de ativismo judicial e defendeu seu indulto ao deputado Daniel Silveira, condenado por ameaças a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). “Alguns ministros do STF querem a qualquer preço interferir no Poder Executivo”, disse.

Em um momento de desabafo por ter sido o alvo prioritário, Bolsonaro questionou por que todos sentiam raiva dele. “Por que me atacar? Por que acabei com a harmonia da corrupção por aí?”, declarou.

Já Lula, extremamente incoerente, chegou a afirmar ainda que foi preso para que Bolsonaro fosse eleito em 2018. “Era preciso tirar o Lula [da eleição]. Eu estou mais limpo do que ele e qualquer parente dele”, declarou o petista, completando ter sido inocentado pelo STF, o que não ocorreu. Ele teve a condenação anulada, mas não foi absolvido, pelo contrário.

Os demais candidatos, sobretudo Ciro, Tebet e Soraya, pregaram uma alternativa a Lula e a Bolsonaro, equiparando os dois em alguns momentos e condenando a divisão política. Tebet e Soraya fizeram dobradinha ao falarem sobre saúde, educação e feminismo. Tebet afirmou que os candidatos “alimentam ódio” e “dividem famílias”. “O Brasil é muito maior que Lula e Bolsonaro.”

Ciro afirmou querer reconciliar o Brasil e criticou a agressividade do PT. Ele declarou que “corrupção e fisiologia são o centro do modelo de organização da política” de Lula e de Bolsonaro.
O candidato do PDT chegou a afagar Bolsonaro: “eu aplaudo, colaboro, coopero com todas as iniciativas do seu governo, você sabe disso”.

D’Avila afirmou que “não vive da política e nem de governo” e citou Romeu Zema (Novo), em Minas, como exemplo. Ele defendeu “cortar desperdício da máquina pública” e disse que o “Estado caro e ineficiente atrapalha a vida de quem trabalha”.

Soraya defendeu um imposto único e disse ter um projeto liberal “de verdade, não no gogó”. Ela prometeu isentar todos os professores do imposto de renda.

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