
Imunização passa a incluir dose da meningocócica ACWY, mais abrangente e eficaz contra diferentes cepas da doença.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
A partir de 1º de julho, o Sistema Único de Saúde (SUS) irá atualizar o esquema de vacinação infantil contra a meningite bacteriana, incluindo a vacina meningocócica ACWY como dose de reforço para crianças aos 12 meses de idade. Até então, essa faixa etária recebia a vacina do tipo C no reforço. A mudança representa um avanço importante na prevenção de formas graves da doença, ampliando a proteção contra quatro sorogrupos da bactéria Neisseria meningitidis (A, C, W e Y).
Com a medida, o Ministério da Saúde reforça o compromisso com a ampliação da cobertura vacinal e com a proteção da população mais vulnerável, especialmente os bebês. A vacina ACWY já era disponibilizada gratuitamente na rede pública para adolescentes entre 11 e 14 anos, em dose única ou como reforço, dependendo do histórico vacinal do paciente.
“A inclusão da ACWY no calendário vacinal infantil pelo SUS representa um avanço significativo na luta contra as meningites bacterianas. Estamos fortalecendo nossa capacidade de prevenir doenças graves com medidas que salvam vidas”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Esquema vacinal atualizado
O calendário vacinal infantil contra a meningite permanece com as duas primeiras doses da vacina meningocócica C aplicadas aos três e cinco meses. A novidade está na dose de reforço: crianças que completarem 12 meses a partir de julho deverão receber a vacina ACWY. A atualização foi oficializada por meio da Nota Técnica nº 77/2025, que traz orientações específicas sobre os novos esquemas de aplicação.
Para quem já recebeu o reforço com a vacina tipo C anteriormente, não será necessário repetir a dose com a ACWY neste momento. Porém, crianças que estiverem completando 12 meses e ainda não tiverem recebido a terceira dose poderão já ser imunizadas com a nova versão da vacina.
Panorama da meningite no Brasil
Os números de 2025 apontam que o Brasil já confirmou 4.406 casos de meningite até junho. Desses, 1.731 foram do tipo bacteriana, que costuma ser a mais grave. Também foram registrados 1.584 casos virais e 1.091 por causas diversas ou não especificadas. A meningite bacteriana tem maior incidência nos meses frios, enquanto as formas virais predominam nas estações mais quentes.
Para além da meningocócica, o SUS oferece outras vacinas que contribuem na prevenção de diferentes formas da doença, como a BCG, a Penta e as pneumocócicas 10, 13 e 23-valente, formando um escudo importante contra diversas infecções.
Sobre a doença
A meningite é uma inflamação das meninges — as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por agentes infecciosos, como bactérias, vírus, fungos e parasitas, ou por causas não infecciosas, como traumas, câncer com metástase no sistema nervoso central, doenças autoimunes e reações a medicamentos. A meningite bacteriana, em especial, exige atenção por sua gravidade e rapidez de evolução.
Em 2024, o Ministério da Saúde já havia apresentado as Diretrizes para o Enfrentamento das Meningites até 2030, elaboradas com a participação da sociedade civil e organismos internacionais. O documento segue recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e integra o esforço global para reduzir o impacto da doença nos próximos anos.
A ampliação da vacina ACWY para os bebês é mais um passo nessa trajetória de prevenção e cuidado com a saúde pública.
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