
Ex-executivo da Fox e empresa argentina são considerados culpados por subornos em disputa por direitos de transmissão de torneios internacionais; decisão reacende desdobramentos do maior caso de corrupção do futebol mundial.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
Um tribunal federal de apelações dos Estados Unidos restabeleceu as condenações do ex-executivo da Fox, Hernán López, e da empresa argentina de marketing esportivo Full Play Group, por participação em um esquema de subornos envolvendo direitos de transmissão de competições internacionais de futebol.
A decisão, emitida no último dia 2 de julho, representa um revés importante para os réus e uma vitória significativa para os promotores do caso conhecido como Fifagate.
O escândalo, revelado em 2015 após uma série de prisões de dirigentes da Fifa em Zurique, expôs um complexo esquema de corrupção no futebol mundial. López e a Full Play haviam sido condenados em 2023, mas tiveram suas sentenças anuladas pela juíza Pamela K.
Chen, que alegou que o tipo de fraude usado na acusação não se aplicava a subornos internacionais. A reversão da decisão foi determinada por um painel de juízes do Tribunal de Apelações do 2º Circuito, com sede em Nova York.
Subornos milionários e manipulação de direitos de mídia
Segundo a promotoria, López, que atuava como executivo de uma divisão da antiga 21st Century Fox, coordenou pagamentos ilegais a dirigentes de federações nacionais para garantir direitos de transmissão de torneios da Conmebol, como a Copa Libertadores.
Ele também teria ajudado a Fox a obter vantagem sobre concorrentes, na disputa pelos direitos de exibição da Copa do Mundo de 2018 e 2022 nos Estados Unidos. A emissora Fox, apesar de citada nas investigações, não foi formalmente acusada e nega envolvimento nos crimes.
Após deixar a Fox, López fundou a empresa de podcasts Wondery, posteriormente vendida à Amazon por cerca de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão). Seu advogado, John Gleeson, afirmou que pretende recorrer à Suprema Corte dos EUA e disse acreditar que seu cliente será eventualmente inocentado.
Impactos no caso Fifagate e novas implicações
A decisão do tribunal de apelação reacende a validade de condenações obtidas nos últimos anos pela promotoria de Nova York, responsável pela condução do caso desde o início da investigação em 2010.
Mais de 20 pessoas e empresas já se declararam culpadas ou foram condenadas por envolvimento no escândalo, que gerou centenas de milhões de dólares em multas e restituições.
A reversão da decisão da juíza Chen também pode afetar tentativas de outros réus que vinham buscando anular suas condenações, entre eles figuras proeminentes do futebol sul-americano como:
- Juan Ángel Napout, ex-presidente da Conmebol e da federação do Paraguai, condenado a 9 anos de prisão em 2017;
- José Maria Marin, ex-presidente da CBF, condenado a 4 anos, libertado posteriormente por razões de saúde.
Ambos haviam solicitado a revisão de suas penas com base na mesma decisão da Suprema Corte usada por Chen em 2023, mas agora enfrentam obstáculos maiores.
Um caso que abalou o futebol mundial
O escândalo do Fifagate abalou profundamente a estrutura da Fifa e de confederações continentais como a Conmebol e a Concacaf. A revelação dos esquemas de corrupção em 2015 levou à queda de diversos dirigentes históricos e expôs um padrão de propinas sistemáticas envolvendo direitos de transmissão, marketing esportivo e acordos comerciais em grandes torneios.
Desde então, o caso segue desdobrando-se nos tribunais americanos, com prisões, acordos de colaboração e novas investigações. A recente decisão mostra que o Departamento de Justiça dos EUA continua atuando para manter as condenações e ampliar o alcance legal sobre crimes de corrupção transnacional no esporte.
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