Mais de 14 milhões de crianças seguem sem nenhuma vacina no mundo, alerta ONU

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Organizações internacionais destacam estagnação no avanço da imunização global e apontam desinformação e conflitos como principais obstáculos.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

Apesar de avanços em campanhas de vacinação ao redor do mundo, mais de 14 milhões de crianças permaneceram completamente sem imunização em 2024, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (15) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As entidades chamam atenção para a necessidade urgente de ampliar os esforços globais, a fim de evitar o retrocesso no combate a doenças evitáveis.

De acordo com os dados mais recentes, 89% das crianças em nível mundial receberam pelo menos uma dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP). No entanto, quase 20 milhões deixaram de completar o esquema vacinal recomendado, e 14,3 milhões não receberam sequer uma dose de qualquer vacina, o que as torna extremamente vulneráveis a doenças graves.

Esse número está acima da meta global para 2024, estabelecida no plano Agenda de Imunização 2030, e também supera os registros de 2019, o ano de referência para o monitoramento do progresso. Em comparação com o cenário pré-pandemia, o aumento é de 1,4 milhão de crianças a mais sem imunização básica.

Desinformação e conflitos comprometem avanço da vacinação

A OMS destaca que desinformações sobre a segurança das vacinas, somadas a cortes no financiamento internacional, estão entre os principais fatores que ameaçam o avanço da imunização infantil em todo o mundo. Além disso, conflitos armados, deslocamentos forçados e crises humanitárias têm dificultado o acesso a serviços básicos de saúde, especialmente em países de baixa renda.

“Vacinas salvam vidas. Elas são uma das ferramentas mais eficazes da saúde pública. No entanto, sem financiamento adequado e com o aumento da desinformação, há risco real de perdermos o progresso conquistado nas últimas décadas”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O relatório mostra que 26 países em situação de fragilidade, conflito ou crise humanitária concentram 50% das crianças não vacinadas do mundo. Nessas regiões, o número de crianças que não receberam vacinas subiu de 3,6 milhões em 2019 para 5,4 milhões em 2024 — evidenciando a necessidade urgente de intervenções humanitárias com foco em imunização.

Cobertura estagnada e sinais de queda em países ricos

Entre os 195 países analisados, 131 conseguiram manter uma cobertura de pelo menos 90% da primeira dose da vacina DTP desde 2019. Contudo, nenhum novo país entrou para esse grupo nos últimos cinco anos. O progresso segue lento, e, em muitos casos, há sinais preocupantes de estagnação ou regressão.

Dos países que já tinham níveis elevados de cobertura em 2019, 22 apresentaram quedas desde então. Já entre os países que estavam abaixo da meta naquele ano, apenas 17 conseguiram melhorar suas taxas. A situação também preocupa em nações de renda média-alta e alta, onde pequenas quedas na vacinação podem causar surtos perigosos, alerta o relatório.

Avanços pontuais e desafios em doenças específicas

Apesar dos entraves, o relatório também traz exemplos de progresso, especialmente em países que recebem apoio da aliança global Gavi, que financia imunização em regiões de baixa renda. Estima-se que, somente em 2024, 600 mil crianças adicionais foram imunizadas nessas áreas, reduzindo o número de não vacinadas.

A vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) também avançou. Graças à adoção de esquemas de dose única em vários países, a cobertura global aumentou de 17% em 2019 para 31% em 2024 entre adolescentes elegíveis. Ainda que abaixo da meta de 90% para 2030, o salto representa um avanço expressivo.

No caso do sarampo, uma das doenças mais contagiosas do mundo, 84% das crianças receberam a primeira dose da vacina e 76% completaram as duas, o que representa uma melhoria tímida, mas importante. A meta de segurança global, no entanto, continua sendo 95%.

Financiamento em risco e apelo por ação coordenada

As agências da ONU alertam que o atual cenário de instabilidade política, desinformação crescente e redução no financiamento global e nacional pode comprometer ainda mais o acesso à vacinação.

“Estamos diante de um risco real de retrocesso. Se o mundo não se unir para proteger o direito das crianças à saúde, veremos o retorno de doenças que já estavam sob controle”, afirmou a diretora de programas globais da OMS, Dra. Meg Doherty.

Ela reforçou que, para que as metas da Agenda de Imunização 2030 sejam cumpridas, será necessário um esforço conjunto entre governos, organizações internacionais, profissionais de saúde e a sociedade civil. A prioridade deve ser alcançar as populações mais vulneráveis, incluindo aquelas que vivem em regiões de conflito e extrema pobreza.

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