OMS e Angola intensificam combate à cólera na província de Huíla

© WFP/Theresa Piorr Lavar as mãos ajuda a prevenir a propagação da cólera.
Com mais de 8,5 mil casos e 329 mortes, autoridades reforçam ações de saúde pública, saneamento e vacinação para conter surto que atinge principalmente jovens.
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA

Angola enfrenta um dos surtos de cólera mais graves dos últimos anos. Desde janeiro de 2025, mais de 8.543 casos foram registrados no país, com 329 mortes até 23 de março, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A epidemia se espalhou rapidamente por 16 das 21 províncias angolanas, afetando principalmente pessoas com menos de 20 anos.

Diante da gravidade da situação, a OMS e o governo de Angola intensificaram a resposta à crise sanitária com uma ampla mobilização que inclui campanhas de vacinação, anúncios de saúde pública, treinamentos comunitários e melhorias na infraestrutura básica de saneamento.

Ações de campo em Huíla

Na província de Huíla, especialmente no município de Caluquembe, equipes da OMS e autoridades locais estão construindo novas latrinas e instalando pontos de água potável. A administradora local, Mariana Soma, relatou que, apesar de algumas famílias possuírem latrinas, o uso correto ainda é um desafio.

“Na zona rural, poucas famílias têm latrina e as usam corretamente. É um processo que precisa de reforço contínuo de conscientização para reduzir a defecação ao ar livre”, afirmou Soma.

A falta de acesso à água limpa e ao saneamento básico é apontada como um dos principais fatores para a propagação da doença. Técnicos da OMS realizaram visitas a várias aldeias para promover o uso de privadas com materiais locais e ensinar práticas básicas de higiene.

Vidas impactadas

No Centro de Tratamento de Cólera de Caluquembe, o senhor José Coelho relatou que chegou em estado grave, mas foi salvo graças ao atendimento rápido. A jovem Judite Júlio José compartilhou o mesmo sentimento:

“Achei que ia morrer, mas graças a Deus e aos enfermeiros, estou viva.”

O diretor do centro de saúde, Joaquim Ismael, reforçou a importância da higiene:

“A cólera é uma doença diretamente ligada à falta de higiene e ao consumo de água não potável.”

Campanhas de vacinação e alerta nas fronteiras

Para conter o avanço da doença, o Ministério da Saúde de Angola, com o apoio da OMS e do UNICEF, deu início a uma campanha de vacinação nas áreas mais afetadas. Outra preocupação das autoridades é o movimento intenso nas fronteiras durante o período de chuvas, o que pode agravar o risco de disseminação da doença.

Somente em fevereiro, a média de infecções ultrapassou 1.000 casos por semana, subindo para 1.200 em março. As províncias de Luanda (48,5% dos casos) e Bengo (29,1%) concentram a maior parte das notificações.

Segundo especialistas, o período de incubação da cólera varia de 48 horas a cinco dias, sendo a contaminação mais comum através da ingestão de água ou alimentos contaminados.

Prevenção e conscientização

Além das vacinas, as autoridades seguem investindo em educação sanitária, campanhas sobre lavagem das mãos e o correto armazenamento de alimentos. As novas estruturas de saneamento básico estão sendo construídas com a participação ativa das comunidades, visando a sustentabilidade das ações a longo prazo.

A OMS reiterou seu compromisso de continuar apoiando o governo angolano na resposta ao surto e pediu o reforço da colaboração internacional para frear a epidemia antes que ela atinja dimensões mais severas.

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