
Mesmo sem nicotina, compostos químicos dos cigarros eletrônicos alteraram o desenvolvimento craniofacial em camundongos.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, acendeu um alerta sobre o uso de cigarros eletrônicos — conhecidos como vapes — durante a gestação. De acordo com a pesquisa, substâncias presentes nesses dispositivos podem afetar a formação do crânio do feto, mesmo na ausência de nicotina.
Os resultados, publicados em 30 de junho na respeitada revista científica PLOS ONE, mostram que camundongos expostos durante a gestação a dois compostos comumente utilizados nos líquidos dos vapes — propilenoglicol e glicerol — desenvolveram alterações craniofaciais significativas em seus filhotes.
Substâncias comuns e consideradas “seguras”
Durante o experimento, fêmeas prenhes foram expostas, por inalação, a diferentes concentrações dessas substâncias: uma combinação 50/50 e outra 30/70 de propilenoglicol e glicerina vegetal. A exposição foi controlada, com uma “tragada” por minuto, durante quatro horas por dia, cinco vezes por semana.
Após o nascimento, os pesquisadores analisaram o desenvolvimento ósseo da cabeça dos filhotes e observaram uma redução significativa na largura e na altura do crânio dos camundongos cujas mães foram expostas à fórmula 30/70. Essas alterações se assemelham a deformidades observadas em bebês humanos, como lábio leporino e fenda palatina.
Impacto ainda desconhecido em humanos
Embora o estudo tenha sido feito em animais, os resultados reforçam preocupações de especialistas sobre os potenciais riscos dos vapes na gravidez. “Vimos um estreitamento geral das características faciais e do crânio. Mesmo sem nicotina, houve impacto estrutural nos filhotes”, explicou o pesquisador James Cray, que lidera o laboratório de biologia do desenvolvimento da universidade.
Os autores também destacam um ponto sensível: muitas mulheres podem estar utilizando vapes antes mesmo de saberem que estão grávidas, o que aumenta a preocupação, já que o desenvolvimento da cabeça e do rosto do embrião ocorre muito cedo na gestação.
Por que essa pesquisa importa?
Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), cerca de 3% dos bebês nascem com algum tipo de defeito congênito, sendo as alterações craniofaciais as mais comuns. A crescente popularidade dos cigarros eletrônicos entre adolescentes e jovens adultos, que estão em idade fértil, torna esse tipo de estudo essencial.
Mesmo sendo um experimento de pequeno porte, a pesquisa serve como sinal de alerta para profissionais da saúde, famílias e autoridades públicas. Os cientistas recomendam que gestantes — ou mulheres que planejam engravidar — evitem o uso de qualquer forma de cigarro eletrônico, ainda que sem nicotina.
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