Secas severas colocam em risco a saúde pública e segurança alimentar no Brasil e no mundo, alerta relatório da ONU

Agência Brasil/Rafa Neddermeyer Seca extrema no Brasil afeta a Amazônia
Documento aponta que a Amazônia vive crise hídrica sem precedentes e que impactos globais da seca incluem desnutrição, colapso de sistemas de saúde, insegurança alimentar e aumento de doenças — especialmente entre crianças e mulheres.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

Um relatório global apoiado pelas Nações Unidas alerta que o mundo está enfrentando uma das mais severas crises de seca das últimas décadas, com impactos alarmantes na saúde humana, na segurança alimentar e na estabilidade econômica. No Brasil, a situação é particularmente grave na região Amazônica, onde eventos climáticos extremos e a escassez de água ameaçam diretamente comunidades inteiras.

O estudo, intitulado “Pontos Críticos de Seca ao Redor do Mundo 2023-2025”, foi produzido pelo Centro Nacional de Mitigação da Seca dos Estados Unidos, em colaboração com a Convenção da ONU para o Combate à Desertificação e a Aliança Internacional para a Resiliência à Seca. Com o apoio técnico da Organização Meteorológica Mundial (OMM), o relatório reúne dados científicos, governamentais e jornalísticos para mostrar como a seca impacta a saúde, os meios de subsistência e os ecossistemas em escala global.

Crise na Amazônia: falta de água e colapso ecológico

A Amazônia brasileira é um dos pontos de atenção do relatório. Desde 2023, a região registra os níveis mais baixos dos rios em décadas, o que resultou na morte em massa de peixes e golfinhos, muitos deles ameaçados de extinção. A falta de água potável e a interrupção do transporte fluvial afetam centenas de milhares de pessoas — e colocam em risco a segurança sanitária.

“O risco de surtos de doenças de veiculação hídrica aumenta em áreas onde a seca afeta a qualidade e a disponibilidade de água potável”, alerta Ibrahim Thiaw, secretário-executivo da UNCCD. “A seca é uma assassina silenciosa. Ela destrói lentamente os recursos e afeta a saúde física e mental de populações inteiras.”

Impacto direto na saúde e nutrição

A escassez de água tem efeitos colaterais graves. A dificuldade no cultivo de alimentos leva à insegurança alimentar e à desnutrição — especialmente entre crianças e mulheres, que estão entre os grupos mais vulneráveis. Além disso, sistemas de saúde ficam sobrecarregados quando a seca se agrava, como evidenciado em países da África e da América Latina.

O relatório destaca ainda o colapso de serviços essenciais: hospitais sem eletricidade devido à redução da capacidade de hidrelétricas, e comunidades com acesso limitado a cuidados médicos e nutrição básica. A Zâmbia, por exemplo, vive apagões de até 21 horas por dia por conta da seca, que reduziu drasticamente a capacidade da principal represa do país.

Aumento global nos preços de alimentos

O fenômeno também afeta o comércio internacional. A seca prolongada reduziu drasticamente a produção de arroz na Ásia e de azeitonas na Espanha, elevando os preços do azeite e de diversos alimentos industrializados. No Brasil, a tendência já é sentida nos supermercados, onde produtos básicos vêm registrando aumentos expressivos.

Nos Estados Unidos, o impacto se reflete na queda das exportações agrícolas e no abastecimento global de grãos. Já no Reino Unido, a falta de frutas e vegetais levou à escassez nas prateleiras e ao aumento de preços, como relatado por diversos supermercados.

Chamado à ação: prevenir antes que colapse

Os especialistas envolvidos no relatório fazem um apelo por políticas preventivas e investimentos urgentes em sistemas de alerta precoce, infraestrutura resiliente, restauração de ecossistemas e soluções baseadas na natureza. A Organização Meteorológica Mundial pede que países abandonem a abordagem reativa frente à seca e invistam em monitoramento em tempo real.

O documento também ressalta que as mudanças climáticas e o uso insustentável dos recursos naturais intensificam o problema. A seca, como efeito direto da crise climática, exige resposta global integrada — e com foco na saúde humana.

  • Leia mais:

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