
Decisão repentina do governo Maduro afeta exportações, viola acordo do Mercosul e pressiona governo Lula a reagir.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
Empresários de Roraima foram surpreendidos nesta semana com a imposição de tarifas pesadas sobre mercadorias enviadas à Venezuela. As taxas, que variam de 15% a 77%, foram aplicadas sem qualquer notificação prévia ou negociação bilateral.
A medida atinge diretamente a economia de Roraima, estado que tem forte relação comercial com o país vizinho. O governo estadual, preocupado com os impactos, acionou o Itamaraty e outros órgãos federais em busca de providências.
“A Venezuela é atualmente o principal parceiro comercial de exportações do nosso Estado, sendo responsável por mais de 70% da movimentação externa registrada nos últimos anos”, informou o governo de Roraima por meio de nota oficial.
Até então, produtos brasileiros com certificado de origem circulavam com isenção tarifária, conforme previsto pelas normas do Mercosul. No entanto, mesmo com o documento, as cargas passaram a ser cobradas, e não há clareza se a decisão decorre de erro administrativo ou se foi deliberada.
Preocupada com o cenário, a Fier (Federação das Indústrias do Estado de Roraima) abriu apuração interna para entender por que os certificados estão sendo rejeitados. A entidade afirmou que está dialogando com representantes dos dois países em busca de uma solução rápida.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) também foi informado sobre os problemas nas exportações. Questionado pela imprensa, o ministério não confirmou formalmente o aumento das tarifas, mas reconheceu que recebeu relatos de dificuldades de exportadores brasileiros e que a Embaixada do Brasil em Caracas foi acionada.
Em valores, a Venezuela lidera o destino das vendas externas de Roraima em 2025, com movimentação superior a US$ 41 milhões apenas no primeiro semestre, segundo dados oficiais.
O governo de Roraima alerta que os impactos vão além do comércio:
“Qualquer medida que encareça os produtos brasileiros no mercado venezuelano afeta significativamente a competitividade das nossas mercadorias, com impacto direto sobre os empresários locais, o agronegócio, a geração de empregos e a arrecadação estadual.”
Na avaliação de autoridades locais, ainda que o estado dialogue com entidades e ministérios, somente o governo federal tem poder para resolver a situação por meio de ações diplomáticas ou comerciais.
A nota do governo estadual destaca o esforço por respostas imediatas:
“Diante dessa situação, o Governo de Roraima está em contato com o Ministério das Relações Exteriores e demais autoridades federais, buscando esclarecimentos e alternativas diplomáticas para preservar o equilíbrio da relação comercial entre os dois países.”
“Reafirmamos nosso compromisso com a defesa dos interesses da economia roraimense e nos colocamos à disposição para fornecer mais informações por meio de entrevista com representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, que acompanham de perto o cenário das exportações regionais.”
Enquanto o governo Maduro impõe barreiras unilaterais, cresce a cobrança para que o Palácio do Planalto se manifeste. A expectativa é que Brasília reaja com firmeza para proteger os interesses econômicos de um dos estados mais dependentes do comércio com a Venezuela.
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