Conflito Brasil-Israel: Governo Lula rompe aliança que honra vítimas do Holocausto e combate o antissemitismo

Saída da IHRA reforça desgaste diplomático provocado por declarações de Lula e apoio a ação que acusa Israel de genocídio.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA

A relação entre o Brasil e Israel sofreu novo abalo após o governo Lula decidir se retirar da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), entidade voltada ao combate ao antissemitismo. O grupo, criado nos anos 1990, reúne países comprometidos com a preservação da memória do Holocausto e com a luta contra discursos de ódio. Desde 2021, o Brasil participava como membro observador.

Sem anúncio público por parte do governo brasileiro, a decisão veio à tona por meio do Ministério das Relações Exteriores de Israel, que confirmou que foi notificado da saída. Diplomatas israelenses afirmaram, sob reserva, que o Itamaraty não forneceu qualquer explicação para o recuo. Até o momento, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil não se pronunciou.

O gesto ocorre em um momento de tensão crescente entre os dois países. A crise se aprofundou com as falas do presidente Lula sobre o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Em fevereiro, durante declarações que causaram repercussão mundial, Lula afirmou: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, a não ser quando Hitler resolveu matar os judeus”. Após o comentário, o governo israelense reagiu com firmeza e declarou o presidente brasileiro persona non grata.

Em resposta à reação de Israel, o governo Lula decidiu retirar seu embaixador de Tel Aviv. A medida enfraqueceu ainda mais os canais diplomáticos entre os dois países. Por outro lado, o nome do embaixador israelense designado para o Brasil, Gali Dagan, segue aguardando aprovação formal por parte do governo brasileiro, sem avanços até agora.

A ruptura com a IHRA acontece dias depois de o Brasil formalizar sua entrada no processo na Corte Internacional de Justiça (CIJ), apresentado pela África do Sul, que acusa Israel de genocídio na Faixa de Gaza. A adesão ao processo havia sido antecipada pelo chanceler Mauro Vieira, e foi duramente criticada por Israel. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores israelense declarou que “o Brasil também decidiu sair da organização, criada na década de 1990 para combater o antissemitismo”.

A permanência do Brasil na aliança simbolizava um compromisso mínimo com a memória histórica do Holocausto, uma das maiores tragédias do século XX. Ao deixar a IHRA em meio a críticas contra Israel e ações em fóruns internacionais, o governo Lula envia uma mensagem clara de distanciamento político em um tema sensível — e com repercussão global.

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