
Deputada federal segue presa em Roma durante processo de extradição; defesa aponta desproporcionalidade e clama por apoio internacional.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) permanecerá detida na Itália durante o processo de extradição solicitado pelo Brasil. A decisão foi tomada pela Corte de Apelação de Roma após audiência de custódia na última sexta-feira (1º). A parlamentar está atualmente no presídio feminino de Rebibbia e teve seu pedido de liberdade negado por um juiz de garantias, mesmo com a defesa solicitando prisão domiciliar. A Justiça italiana tem até dez dias para decidir sobre essa solicitação.
A decisão gerou forte reação entre apoiadores da deputada, em especial do advogado Jeffrey Chiquini, que gravou um vídeo em tom contundente denunciando o que considera uma perseguição política.
“Você pode até não gostar da Zambelli, você pode até não gostar do que ela tenha feito, da exposição que aquele fato dela teve, mas eu digo uma coisa pra vocês: não importa o erro que ela tenha cometido, aquele fato não é fato de prisão”, afirmou o advogado.
Chiquini criticou a disparidade de tratamento judicial no Brasil, comparando o caso da deputada com o de criminosos violentos.
“Você tem narcoterrorista, narcotraficante que porta fuzil 762 no Rio de Janeiro, você tem traficante no Brasil que toma 5 anos, porte de fuzil 5 anos, homicídio 8 anos. O fato é a desproporcionalidade do que se está fazendo com a Zambelli.”
Para o advogado, a parlamentar é vítima do que chama de “direito penal do inimigo”, aplicado àqueles que são rotulados como adversários do sistema.
“Ela é inimiga do sistema, ela foi selecionada como inimiga do sistema e foi punida por ser a Zambelli e não pelo que ela fez. Se ela fosse punida de fato pelo que ela fez, sequer colocaria uma tornozeleira eletrônica.”
Zambelli foi condenada no Brasil a dez anos de prisão e à perda do mandato parlamentar, após ser considerada culpada por invasão aos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). A condenação já transitou em julgado e não cabe mais recurso. Em junho, a parlamentar afirmou estar sofrendo perseguição política e se refugiou na Itália, sendo incluída na lista de difusão vermelha da Interpol, a pedido do STF.
Diante da prisão mantida pelas autoridades italianas, Jeffrey Chiquini apelou ao povo brasileiro por mobilização e apoio internacional:
“O Brasil tem que entender. Ela é uma presa política porque a pena aplicada à Zambelli é desproporcional. […] O Brasil na prática é o segundo país do mundo que mais consome internet. Nós temos voz pra que nossa voz chegue na Itália, pra que a Itália não ache que a Zambelli tá sozinha.”
O advogado convocou os cidadãos a se manifestarem em redes sociais:
“Vamos mandar mensagens de apoio, poste, compartilhe esse vídeo. Mensagem de apoio: Zambelli é uma presa política. O Brasil não aceita essa injustiça, porque vai reverberar no mundo essas mensagens.”
Enquanto aguarda a avaliação do pedido de prisão domiciliar, a situação da deputada segue nas mãos do Ministério da Justiça da Itália, que decidirá os próximos passos do processo de extradição. Mesmo assim, Chiquini deixou um recado direto:
“Se ela deveria ou não ser punida, isso é outra discussão. O fato é: não deveria estar presa. E nós não podemos aceitar essa desproporcionalidade enquanto traficante tá mandando no Brasil.”
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