Brasil: jovem espancada com mais de 60 socos por ex-namorado passa por cirurgia para reconstruir o rosto

Juliana Garcia sofreu múltiplas fraturas após agressão brutal registrada por câmeras em elevador de condomínio em Natal; caso é investigado como tentativa de feminicídio. 

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

A jovem Juliana Garcia dos Santos foi submetida, nesta sexta-feira (1º), a uma cirurgia de reconstrução facial no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O procedimento foi necessário após ela ter sido brutalmente agredida pelo então namorado, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral. O caso, registrado por câmeras de segurança dentro de um elevador residencial, causou forte comoção e está sendo investigado como tentativa de feminicídio.

O ataque aconteceu no sábado (26) em um condomínio da capital potiguar. As imagens mostram Igor desferindo mais de 60 socos contra Juliana, que não conseguiu reagir. As agressões provocaram múltiplas fraturas no rosto da vítima, além de um inchaço intenso que inicialmente impediu a realização de qualquer procedimento cirúrgico. Após alguns dias de tratamento clínico e estabilização do quadro, a equipe médica considerou seguro avançar com a cirurgia.

A operação realizada chama-se osteossíntese e tem como objetivo restabelecer tanto a estética quanto a funcionalidade da face. Foi conduzida por uma equipe multidisciplinar formada por cirurgiões-dentistas especializados em traumatologia buco-maxilo-facial, anestesistas e profissionais da enfermagem. A técnica incluiu o uso de miniplacas e miniparafusos para a fixação das áreas fraturadas, além de uma revisão na estrutura nasal.

Segundo o cirurgião responsável, Dr. Kerlison Paulino de Oliveira, Juliana apresentou uma resposta positiva ao tratamento inicial, com regressão dos hematomas e edemas. “Ela chegou para a cirurgia com o quadro mais controlado, embora ainda com algumas dores, que estão sendo tratadas com medicações comuns. A paciente demonstrou serenidade durante os atendimentos e está ciente da complexidade do processo”, informou o médico.

A previsão é de que Juliana permaneça internada por cerca de dois dias, com possibilidade de prorrogação caso seja necessário. O objetivo da equipe é concluir todo o processo em um único tempo cirúrgico, mas existe a possibilidade de novas intervenções no futuro, dependendo da evolução clínica e das necessidades de reabilitação.

Juliana e Igor estavam em um relacionamento marcado por episódios de violência. Informações levantadas pela investigação indicam que a jovem já havia sofrido agressões anteriores, incluindo empurrões e ofensas verbais. Relatos apontam ainda que o ex-namorado a submetia a forte pressão psicológica, chegando a incentivá-la a tirar a própria vida em conversas anteriores à agressão registrada.

No dia do crime, os dois discutiram dentro do elevador após Juliana ter recebido mensagens em seu celular. Ela teria decidido permanecer no local, ciente da presença de câmeras, para se proteger de possíveis ataques. Ainda assim, as imagens revelam uma sequência violenta de agressões físicas, sem qualquer tentativa de contenção por parte do agressor.

Detido pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte, Igor Eduardo foi preso preventivamente e, em depoimento, alegou ter sofrido uma “crise de claustrofobia” durante o episódio. Segundo sua versão, o surto teria sido provocado por um desentendimento com Juliana, que teria rasgado sua camisa e o xingado. A justificativa, no entanto, foi amplamente questionada e é tratada com ceticismo pelas autoridades.

A delegada responsável pelo caso indicou que a motivação principal da agressão foi ciúme. O inquérito segue em andamento e o agressor deve responder por tentativa de feminicídio.

Desde a divulgação do caso, centenas de mensagens de solidariedade foram direcionadas a Juliana nas redes sociais. A jovem agradeceu o apoio em uma publicação e confirmou a autenticidade de uma campanha virtual organizada por amigas, com o objetivo de arrecadar fundos para o tratamento médico e jurídico.

É um momento muito delicado. Estou focada na minha recuperação e sou grata a todos que têm me enviado palavras de carinho e apoio,” escreveu Juliana, destacando a importância de dar visibilidade à violência contra mulheres e encorajando outras vítimas a denunciarem.

A família do agressor também se pronunciou por meio de nota pública, afirmando estar profundamente abalada com os acontecimentos e pedindo para não ser alvo de perseguições ou ameaças. A defesa informou que um endereço vinculado ao agressor, divulgado nas redes, na verdade pertence a outros familiares, o que tem gerado constrangimentos e riscos à integridade de pessoas sem qualquer envolvimento no caso.

Organizações de defesa dos direitos das mulheres, parlamentares e entidades da sociedade civil têm acompanhado o caso de perto, cobrando rigor na punição do agressor e reforçando a necessidade de políticas públicas de prevenção e combate à violência de gênero.

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