Lula é acusado de racismo após criticar foto de homem negro em revista oficial e pedir para ‘jogar fora’

Declaração sobre foto em revista oficial gera forte reação da oposição e amplia desgaste político do presidente. 

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se envolveu em uma nova polêmica após discurso feito na última quinta-feira (21), durante uma cerimônia em Sorocaba, interior de São Paulo. Ao comentar sobre uma revista produzida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário para promover o Brasil em um congresso na Alemanha, Lula relatou que a publicação trazia na capa uma mulher branca de traços europeus e um homem negro sem dentes.

Ao questionar a escolha da imagem e associá-la a uma representação negativa do país, o presidente foi acusado de racismo por parlamentares da oposição e parte da sociedade civil.

No relato, Lula afirmou que chamou o então ministro responsável pela revista e questionou:

“Por que você colocou essa fotografia desse senhor negro sem dente? Você acha isso bonito? Isso é fotografia para representar o Brasil no exterior? Um cara sem dente e ainda negro?”

Em seguida, o presidente disse ter se inspirado no carnavalesco Joãozinho Trinta, que dizia: “Quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta de coisa boa.”

Segundo Lula, o episódio serviu como gatilho para a criação do programa Brasil Sorridente, voltado à ampliação do acesso à saúde bucal no país.

Apesar da tentativa de justificar a fala como crítica à forma de retratar o Brasil, o recorte racial e social usado pelo presidente provocou imediata reação negativa.

Poucas horas após o discurso, vídeos do trecho começaram a circular nas redes sociais, sendo rapidamente compartilhados por parlamentares da oposição.

Os críticos acusaram Lula de reforçar estereótipos racistas e de expor de maneira depreciativa um homem negro, justamente em um momento em que o presidente buscava ressaltar políticas públicas.

A declaração gerou ampla repercussão, sendo comparada por opositores a episódios de declarações controversas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) classificou a fala como uma “declaração absurdamente racista”, destacando que se a mesma frase tivesse sido dita por Bolsonaro, a Justiça teria exigido retratação imediata:

“Agora imagine se fosse o Bolsonaro a falar muito menos que isso? Com certeza um certo ministro iria proferir decisão mandando se explicar em 24h. Absurdo.”

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) seguiu a mesma linha e reforçou a contradição:

“A cada dia que passa, fica mais evidente que Lula não passa de uma fraude. Já pensou se fosse o Bolsonaro?”, afirmou em suas redes.

Já o ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo-PR) aproveitou para criticar a postura do presidente e questionar o modelo de liderança adotado pelo petista:

“Um país não é bonito por seus dentes brancos, mas por sua justiça, honestidade, amor e liberdade. É com essa imagem do Brasil que Lula deveria se preocupar.”

Essas declarações ganharam espaço na mídia e ampliaram a percepção de desgaste do presidente.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, defendeu Lula afirmando que ele quis criticar o estigma que pesa sobre a população negra, ressaltando a falta de políticas públicas de saúde bucal.

“É preciso cuidado para não retirar frases do seu contexto político. Lula quis evidenciar as desigualdades e não reforçá-las”, disse a ministra.

Mesmo assim, a defesa foi considerada insuficiente para estancar as críticas da oposição.

O episódio abriu espaço para uma nova onda de ataques ao governo, justamente em um momento em que Lula busca ampliar sua base de apoio no Congresso.

A polêmica reforça a percepção de contradição entre o discurso progressista de Lula e algumas de suas falas públicas, que acabam alimentando a oposição.

Enquanto aliados tentam minimizar o caso, adversários lembram que a postura do presidente destoa do discurso oficial de valorização das minorias e da diversidade.

O desgaste também reacende debates sobre a comunicação do governo e a forma como Lula conduz seus discursos, muitas vezes em tom improvisado e suscetível a interpretações negativas.

Parlamentares da oposição avaliam cobrar explicações formais e podem levar o caso ao debate legislativo, reforçando a narrativa de que Lula não age de acordo com o que prega.

No campo político, a fala deve continuar sendo explorada, principalmente em ano pré-eleitoral, quando cada gesto e declaração ganham peso maior na disputa pela narrativa pública.

A declaração em Sorocaba, portanto, não apenas gerou críticas imediatas, como também abre espaço para novos desdobramentos que podem fragilizar ainda mais a imagem do presidente.

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