
Três candidatos disputam os votos de 299 conselheiros nesta segunda (25), no Parque São Jorge, para conduzir o clube até dezembro de 2026 em meio a crise política, dívidas bilionárias e turbulência no futebol.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
O Corinthians realiza nesta segunda-feira (25), a partir das 18h, no Parque São Jorge, uma eleição indireta para escolher o novo presidente após o impeachment de Augusto Melo. A decisão está nas mãos de 299 conselheiros — vitalícios e trienais — que vão indicar quem conduzirá o clube até o fim de 2026.
Melo foi destituído do cargo no último dia 9, quando 1.413 associados votaram a favor de seu afastamento e 620 se manifestaram por sua permanência. A decisão seguiu investigações internas e da Polícia Civil sobre supostas irregularidades no contrato de patrocínio com a empresa de apostas VaideBet, que teria resultado no desvio de R$ 25 milhões por meio de uma empresa intermediária. O ex-presidente e dirigentes da gestão se tornaram réus, acusados de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto. Ele nega os crimes.
Os candidatos
Três nomes disputam o comando do Corinthians.
- Osmar Stabile, 71 anos, atual vice-presidente e presidente interino desde maio, tenta se consolidar no cargo defendendo a continuidade administrativa para evitar nova ruptura no clube. Ele já foi vice de esportes terrestres na gestão de Alberto Dualib (1993-2007).
- Antonio Roque Citadini, 74 anos, figura histórica dos bastidores alvinegros, levanta a bandeira da “renovação moral”. Ex-vice-presidente na era Dualib (2001-2004), deixou na última semana a presidência do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, ao atingir idade de aposentadoria compulsória.
- André Castro, 46 anos, considerado o nome mais novo e menos conhecido do trio, atuou como assessor nas categorias de base durante a gestão de Duílio Monteiro Alves (2021-2023). Ele se apresenta como alternativa moderna e tem como trunfo a promessa de aporte bilionário ao clube por meio da empresa GSP Banco de Fomento Mercantil LTDA, que afirma poder investir até US$ 1 bilhão (R$ 5,4 bilhões). A instituição, no entanto, não é registrada como banco.
Crise financeira e esportiva
Além da turbulência política, o próximo presidente enfrentará o enorme desafio das finanças. A dívida do Corinthians ultrapassa R$ 2,5 bilhões, e o clube está impedido de registrar reforços por conta de um transfer ban aplicado pela Fifa em razão da dívida de US$ 6,1 milhões (R$ 33,4 milhões) com o Santos Laguna, pela contratação do zagueiro Félix Torres.
Dentro de campo, o cenário também preocupa. Apesar do título paulista conquistado em 2024, a equipe foi eliminada precocemente da Libertadores e da Sul-Americana, ocupa posição próxima à zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro e encara um elenco limitado por lesões. O time segue na Copa do Brasil, mas a perspectiva da temporada é de pessimismo.
O peso do impeachment
O impeachment de Augusto Melo foi marcado não apenas pelas acusações judiciais, mas também pela insatisfação dos torcedores e conselheiros com o desempenho do time e a condução administrativa. Antes da assembleia geral, o Conselho Deliberativo já havia votado pela saída do dirigente em maio, por 176 votos a 57.
O que está em jogo
A eleição desta segunda-feira definirá quem terá a missão de estabilizar o Corinthians em meio a dívidas bilionárias, crise política e desconfiança da torcida. O vencedor terá pouco mais de dois anos para tentar reorganizar a gestão, recuperar a credibilidade do clube e preparar o terreno para 2027.
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