Relatório do Unicef aponta 391 milhões de crianças e adolescentes acima do peso; ultraprocessados e fast-food moldam dietas e aumentam riscos de doenças graves
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O número de crianças e adolescentes diagnosticados com obesidade ultrapassou, pela primeira vez, o total de menores abaixo do peso no cenário global. Segundo relatório do Unicef divulgado nesta quarta-feira (10), 391 milhões de jovens entre 5 e 19 anos estão acima do peso, dos quais 188 milhões já obesos — condição que triplicou desde o ano 2000 e está diretamente ligada ao consumo crescente de alimentos ultraprocessados e fast-food.
Avanço global da obesidade
O estudo Alimentando o Lucro: Como os Ambientes Alimentares Estão Decepcionando as Crianças mostra que a prevalência do baixo peso caiu de 12,8% em 2000 para 9,2% em 2024. Em contrapartida, a obesidade infantil aumentou de 3% para 9,4%. Hoje, uma em cada dez crianças e adolescentes no mundo enfrenta o problema.
Dieta moldada por ultraprocessados
Alimentos ricos em açúcar, sal, gorduras e aditivos químicos estão cada vez mais presentes no cotidiano infantil. O Unicef denuncia que o marketing digital e a ampla oferta em escolas e supermercados reforçam esse padrão alimentar. A consequência é grave: maior risco de diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.
Impacto econômico e social
O relatório alerta que, se não houver intervenção, o sobrepeso e a obesidade poderão gerar um impacto econômico global de mais de US$ 4 trilhões anuais até 2035. A agência defende políticas públicas que regulem a indústria, ampliem a educação alimentar e restrinjam o marketing voltado a crianças.
Exemplos internacionais
O México foi citado como referência ao proibir a venda de ultraprocessados em escolas públicas, beneficiando 34 milhões de estudantes. Já países insulares do Pacífico lideram os índices de obesidade, como Niue (38%), Ilhas Cook (37%) e Nauru (33%). Entre as nações de alta renda, Chile (27%), Estados Unidos (21%) e Emirados Árabes Unidos (21%) também apresentam taxas preocupantes.
O papel da família na prevenção
O envolvimento da família é determinante para evitar o avanço da obesidade infantil. Pais e responsáveis podem estimular hábitos saudáveis desde cedo, oferecendo refeições equilibradas, ricas em frutas, legumes e grãos, e reduzindo o consumo de ultraprocessados, refrigerantes e doces. Além disso, incentivar brincadeiras, esportes e momentos de lazer ativo ajuda a reduzir o sedentarismo. Quando o ambiente familiar valoriza escolhas saudáveis, as crianças têm mais chances de manter um peso adequado e desenvolver um estilo de vida equilibrado ao longo da vida.
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