
Mais de 8 mil fragmentos humanos continuam armazenados no Ground Zero; avanço na ciência é a esperança para concluir o maior trabalho forense da história dos EUA
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Quase um quarto de século após os atentados de 11 de setembro de 2001, a cidade de Nova York ainda enfrenta um desafio monumental: identificar os restos mortais de cerca de 1.100 vítimas do ataque ao World Trade Center. Segundo a Oficina do Chefe Médico Legista da Cidade de Nova York (OCME), cerca de metade do trabalho de identificação continua pendente, apesar dos avanços nas ciências forenses ao longo das últimas duas décadas.
Os números revelam a dimensão da dificuldade. Mais de 8.000 fragmentos ósseos e amostras de tecido permanecem armazenados em um repositório seguro localizado no nível do leito rochoso do Ground Zero. Esses restos foram severamente degradados por fogo, água, combustível de aviação e pela exposição ao ar ao longo dos meses posteriores ao atentado, o que dificulta a extração de DNA.
“O fogo, a água utilizada para apagar as chamas, a luz solar, mofo, bactérias, insetos e combustíveis químicos — todas essas condições destroem o DNA”, explica Mark Desire, diretor assistente de biologia forense da OCME.
Apesar disso, os cientistas continuam revisitando as amostras em busca de novas respostas. O chefe legista da cidade, Dr. Jason Graham, garante que o compromisso permanece inabalável:
“Quase 25 anos após o desastre no World Trade Center, nosso compromisso em identificar os desaparecidos e devolvê-los aos seus entes queridos permanece tão forte quanto sempre”.
Recentemente, três vítimas foram identificadas graças a novas técnicas de análise genética: Ryan Fitzgerald, 26 anos, de Nova York; Barbara Keating, 72 anos, da Califórnia; e uma terceira mulher cuja família pediu anonimato. Esses avanços renovam a esperança de familiares que, até hoje, aguardam um desfecho.
Desafios que o tempo impôs
Ex-oficiais que participaram das operações de resgate e recuperação lembram que as condições no local foram caóticas. Meses de trabalho contínuo nos escombros — com policiais, bombeiros e voluntários revirando destroços fumegantes — acabaram por contaminar parte do material genético. Além disso, parte dos escombros foi transportada para o Fresh Kills Landfill, em Staten Island, onde foram triados. Lá, foram recuperados 4.257 fragmentos de restos humanos e 54.000 itens pessoais das vítimas.
Mas o tempo segue sendo o maior adversário. Fragmentos que permaneceram expostos ao vento, sol e umidade se degradaram a ponto de comprometer o DNA. Para alguns veteranos que participaram da operação, é improvável que todas as vítimas sejam um dia identificadas.
“O tempo e o ar mudaram tudo. Não sei se a ciência algum dia conseguirá encontrá-los todos”, disse um ex-oficial do NYPD.
Uma corrida contra a história
Apesar do ceticismo, a OCME insiste que continuará a revisar cada amostra sempre que novas tecnologias forem desenvolvidas. Para Desire, a chave está no avanço científico:
“Continuamos revisitando aquelas amostras onde não havia DNA. Agora a tecnologia está melhor e conseguimos realizar análises hoje que nem mesmo ano passado éramos capazes”.
A luta para dar nome a cada uma das vítimas de 11 de setembro se tornou um compromisso histórico e ético para Nova York. Enquanto isso, os fragmentos armazenados permanecem como um lembrete silencioso da tragédia — e do esforço contínuo para que nenhuma das vítimas seja esquecida.
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