
Estudo internacional com mais de 100 mil pessoas associa consumo elevado desses alimentos a maior incidência da doença, mesmo entre quem nunca fumou
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Consumir grandes quantidades de alimentos ultraprocessados pode aumentar significativamente o risco de câncer de pulmão. Pesquisa da Universidade de Chongqing, na China, publicada na revista Thorax, acompanhou mais de 100 mil adultos nos Estados Unidos ao longo de 12 anos e revelou que os participantes que mais consumiam produtos industrializados tiveram 41% mais chances de desenvolver a doença, mesmo após ajustes para tabagismo e outros fatores de risco.
O estudo e seus resultados
Os dados foram extraídos do Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial (PLCO), que registrou 1.700 casos de câncer de pulmão, incluindo carcinoma de pequenas células e de não pequenas células. Entre os 25% de participantes com maior consumo de ultraprocessados, o risco de carcinoma de pequenas células aumentou 44%, enquanto o de não pequenas células subiu 37%.
“Embora o tabagismo continue sendo o principal fator de risco, outros elementos, como poluentes ambientais, histórico familiar e hábitos alimentares, também influenciam o surgimento da doença”, destaca Gustavo Schvartsman, oncologista clínico do Einstein Hospital Israelita.
Por que ultraprocessados podem ser perigosos
Alimentos ultraprocessados são produtos industrializados com conservantes, aromatizantes e embalagens plásticas, muitas vezes sem ingredientes naturais significativos. Entre eles estão refrigerantes, embutidos, biscoitos, salgadinhos e refeições congeladas.
Segundo Schvartsman, alguns aditivos podem gerar inflamação crônica, estresse oxidativo e alterações na microbiota intestinal, prejudicando o sistema imunológico e facilitando o surgimento de tumores mesmo fora do trato digestivo, como nos pulmões.
O nutrólogo Rodrigo Costa Gonçalves, do Einstein Hospital Israelita de Goiânia, complementa: “Substâncias como nitratos e nitritos presentes em carnes processadas e a acrilamida de alguns snacks podem aumentar o risco de diversos tipos de câncer, incluindo o de pulmão”.
Nem todos os ultraprocessados oferecem o mesmo risco
Gonçalves ressalta que dentro do grupo de ultraprocessados há variação: carnes processadas, como salsicha, bacon e presunto, estão mais associadas ao risco de câncer; enquanto bebidas açucaradas e outros produtos industrializados também impactam, mas de forma diferente.
“O estudo mostra correlação, não causa direta, mas reforça a necessidade de reduzir o consumo desses alimentos e priorizar uma dieta equilibrada”, afirma o nutrólogo.
Como se proteger
Reduzir ultraprocessados deve ser prioridade de saúde pública e individual. Estratégias simples incluem planejar refeições, cozinhar em casa e optar por alimentos frescos.
“Aprender a cozinhar ajuda a descobrir sabores naturais e melhora a qualidade da alimentação, além de ser mais econômico. Pequenas mudanças podem proteger os pulmões e a saúde como um todo”, conclui Gonçalves.
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