Ex-delegado que enfrentou o PCC é executado em emboscada brutal no litoral de SP

Ruy Ferraz Fontes, secretário em Praia Grande, foi morto após perseguição e ataque com fuzis em plena via pública

Por Ana Raquel|GNEWSUSA 

O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo e atual secretário de Administração de Praia Grande, Ruy Ferraz Fontes, foi morto a tiros em uma emboscada no início da tarde desta segunda-feira (15), no litoral sul paulista. Reconhecido nacionalmente por sua atuação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), Ruy foi alvo de criminosos armados que o seguiram até provocar sua morte em plena via pública.

O momento do ataque

De acordo com informações da investigação, Ruy deixou a sede da prefeitura de Praia Grande e passou a ser acompanhado por um veículo modelo Hilux ocupado por suspeitos. Ao tentar escapar, ele acelerou seu carro em alta velocidade pelas ruas da cidade, mas perdeu o controle em um cruzamento e bateu contra um ônibus.

Com o carro capotado, três homens armados com fuzis desceram do veículo que o perseguia. Um deles ficou apontando a arma para outros motoristas que passavam pela rua, enquanto os outros dois se aproximaram do carro de Ruy e dispararam diversas vezes, executando-o no local. A ação foi registrada por câmeras de segurança.

 

Trajetória e combate ao crime organizado

Ruy Ferraz Fontes tinha mais de 40 anos de carreira policial e era considerado um dos maiores especialistas no enfrentamento de facções criminosas no país. Iniciou sua trajetória como delegado titular em Taguaí (interior de SP) e comandou diversas unidades estratégicas, entre elas:

• Divisão de Homicídios do DHPP;

• 1ª Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes, do Denarc;

• 5ª Delegacia de Investigações sobre Furtos e Roubos a Bancos, do Deic.

Chegou ao posto de Delegado-Geral da Polícia Civil de São Paulo e também foi diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).

Em 2006, ganhou destaque ao indiciar a cúpula do PCC, incluindo o líder máximo da facção, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Já em 2010, descobriu-se que Ruy era alvo de um plano de assassinato organizado pelo grupo criminoso. Mais tarde, quando comandou o Denarc, foi responsável pela primeira investigação de grande porte que mapeou as atividades de Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, narcotraficante do PCC preso em 2020 na África.

Suspeitas e investigação

As autoridades apuram se a emboscada foi executada por integrantes da chamada Sintonia Restrita, braço do PCC especializado em assassinatos de inimigos da facção. Para investigadores, o histórico de enfrentamento direto de Ruy contra a organização criminosa é um dos principais indícios de motivação para o crime.

O procurador de Justiça Márcio Christino afirmou ter sido a última pessoa a falar com o ex-delegado antes da emboscada. Segundo ele, Ruy relatou que estava saindo da prefeitura quando foi seguido pelos criminosos.

Ameaças e juramento de morte

Fontes já havia sofrido ameaças anteriores do PCC. Em 2019, uma investigação do Ministério Público de São Paulo revelou que Marcola havia jurado de morte três policiais, entre eles Ruy. Apesar disso, o ex-delegado seguiu sua carreira pública e assumiu, em 2023, o cargo de secretário municipal de Administração em Praia Grande, onde ficou até sua morte.

Repercussão

A morte de Ruy Ferraz Fontes causou forte impacto entre autoridades e no meio policial. Colegas de carreira lembram que ele sempre foi conhecido pela firmeza no enfrentamento ao crime organizado e pelo profundo conhecimento das estruturas do PCC.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo ainda não divulgou detalhes sobre os próximos passos da investigação, mas confirmou que as imagens de câmeras de segurança e depoimentos já estão sendo analisados.

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