
PEC que exige aval do Legislativo para investigações e prisões de parlamentares passa na Câmara; votos se dividiram entre partidos do governo e da oposição
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (16/09/2025), em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2021 — conhecida como “PEC da Blindagem” — com 353 votos a favor e 134 contrários no primeiro turno, e 344 favoráveis e 133 contrários no segundo. O texto altera regras para investigação e prisão de deputados e senadores no âmbito criminal, criando barreiras legais e institucionais que obrigam a autorização prévia do próprio Legislativo para abertura de ação penal ou prisão por decisões do Judiciário — inclusive do STF.
O que é a PEC da Blindagem?
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Trata-se de uma proposta para modificar a Constituição e dificultar processos criminais contra parlamentares, inclusive prisões, mesmo em casos de flagrante, exigindo autorização da respectiva Casa (Câmara ou Senado).
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Prevê que o pedido judicial seja examinado pelo Legislativo, que deve apreciar autorização em votação secreta, por maioria absoluta.
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Inclui previsão para que presidentes nacionais de partidos políticos com representação no Congresso tenham foro no STF para crimes comuns.
Quem votou a favor / contra?
Agrupamento | Votos a favor | Votos contrários | Observações |
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Partidos do Centrão (MDB, PP, PSD, União Brasil, Republicanos, etc.) | Majoritariamente favoráveis. Ex.: União Brasil teve 50 a favor e 4 contra; Republicanos praticamente unânime a favor. | Poucos votos contrários | Esses partidos formaram base de apoio consistente à PEC. |
PL | Todos os 83 deputados presentes votaram a favor | — | Partido ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. |
Partido dos Trabalhadores (PT) | 12 deputados votaram a favor | 51 votaram contra | Maioria da bancada se opôs. |
Partidos de oposição consistentes (PSOL, Novo, PCdoB, Rede Sustentabilidade) | Nenhum voto favorável | Todos contra | Votação unânime contrária. |
Para que serve essa PEC (segundo seus defensores):
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Proteção ao exercício do mandato: Parlamentares precisam estar seguros contra o que chamam de “interferência indevida” do Judiciário ou do Executivo, especialmente em casos que possam envolver perseguição política.
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Reforço de prerrogativas constitucionais: Algumas regras previstas na Constituição de 1988 foram modificadas ao longo do tempo, reduzindo proteções originais. A PEC busca restituir direitos do Legislativo.
Pontos de crítica levantados (sem opinião do autor):
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Possibilidade de impunidade: Ao impor autorização do Legislativo para processos ou prisões, torna-se mais difícil responsabilizar parlamentares por corrupção ou outros crimes, especialmente quando apoiados por maioria.
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Voto secreto e menor transparência: A PEC prevê votação secreta para autorizar prisões, o que pode reduzir a visibilidade pública sobre quem deu aval e dificultar o controle social.
Próximos passos:
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A PEC seguirá para o Senado Federal, onde passará pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e precisará de votação em dois turnos no plenário.
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Caso seja aprovada no Senado, entrará em vigor conforme as regras de emenda constitucional.
A aprovação da PEC da Blindagem mostra uma ampla aliança política no Legislativo para aprovar restrições no poder de investigação e punição de parlamentares. A proposta encontrará resistência em setores que enxergam riscos de enfraquecimento do sistema de freios e contrapesos, bem como de impunidade. Agora, o Senado será palco de debate decisivo.
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