
MDB, PSD e aliados com ministérios garantem avanço da anistia, enquanto a esquerda se isola
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
Na quarta-feira (17), o Plenário da Câmara dos Deputados foi palco de um embate que combinou estratégia, pragmatismo e confrontos ideológicos. O requerimento de urgência para o Projeto de Lei da Anistia, que mira os condenados pelos atos de 8 de Janeiro e manifestações políticas desde 2022, avançou com 311 votos a favor e 163 contra, permitindo que o texto seja debatido diretamente em Plenário.
O que poderia parecer uma vitória simples da oposição revelou um tabuleiro complexo: parte dos votos que garantiram a aprovação veio de partidos que ainda mantêm vínculos com o governo Lula. Do MDB, vieram 21 votos favoráveis; do PSD, 28. Ainda mais expressivo foi o apoio de siglas que anunciaram saída formal da base, mas permanecem com ministérios: PP (43 votos), União Brasil (49) e Republicanos (40), somando 132 votos decisivos.
Partidos menores também tiveram papel estratégico. O Solidariedade contribuiu com quatro votos, e o deputado Paulinho da Força (SP) foi designado relator pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Paulinho afirmou que não pretende propor uma “anistia ampla, geral e irrestrita”, sinalizando ajustes técnicos e políticos para viabilizar o projeto. O Avante, que apoiou Lula em 2022, contribuiu com seis votos favoráveis.
A resistência mais firme veio da esquerda ideológica: PT, PSOL, PCdoB, PDT, PSB e Rede não registraram um único voto a favor da urgência, evidenciando uma fratura aberta dentro da base governista.
Deputados de São Paulo que votaram contra
Entre os 163 votos contrários, destacam-se na bancada paulista:
• Alencar Santana (PT
• Juliana Cardoso (PT)
• Alfredinho (PT)
• Kiko Celeguim (PT)
• Arlindo Chinaglia (PT)
• Luiza Erundina (PSOL)
• Baleia Rossi (MDB)
• Nilto Tatto (PT)
• Carlos Zarattini (PT)
• Orlando Silva (PCdoB)
• Erika Hilton (PSOL)
• Paulo A. Barbosa (PSDB)
• Fábio Teruel (MDB)
• Prof. Luciene (PSOL)
• Fausto Pinato (PP)
• Rui Falcão (PT)
• Guilherme Boulos (PSOL)
• Sâmia Bomfim (PSOL)
• Ivan Valente (PSOL)
• Tabata Amaral (PSB)
• Jilmar Tatto (PT)
• Vicentinho (PT)
A votação mostra que a resistência não é apenas ideológica, mas também estratégica, com partidos de centro e esquerda tentando equilibrar poder e influência no Congresso.
Implicações políticas
Para a oposição e setores alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a aprovação da urgência é uma vitória simbólica e estratégica, interpretada como oportunidade de corrigir o que consideram “excessos judiciais” nos julgamentos do 8 de Janeiro. Para o governo Lula, a situação expõe fragilidade em manter sua base coesa, já que a decisão contou com apoio de aliados com ministérios.
O próximo passo será o parecer de Paulinho da Força, que poderá definir os limites da anistia. Até lá, o debate promete permanecer acirrado, com a oposição celebrando avanço e a esquerda denunciando riscos de impunidade.
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