Mosquito da malária na África: estudo britânico identifica caminhos para controle mais eficaz

Pesquisa revela evolução genética do Anopheles funestus e abre portas para técnicas avançadas como gene drive
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA

 

LONDRES — Cientistas britânicos realizaram um estudo inovador que mapeou a evolução genética do mosquito Anopheles funestus, um dos principais transmissores da malária na África, identificando mutações que explicam sua resistência a inseticidas tradicionais.

O trabalho, publicado recentemente, analisou 656 mosquitos modernos de diferentes regiões africanas e comparou com 45 espécimes históricos coletados entre 1927 e 1967, permitindo observar mudanças genéticas ao longo de décadas.

Os pesquisadores descobriram que populações de mosquitos de países próximos ao Equador apresentam alta similaridade genética, mesmo separadas por milhares de quilômetros, indicando uma grande população interconectada. Por outro lado, grupos isolados no norte de Gana e sul de Benin apresentam variações genéticas mais significativas, o que pode influenciar a eficácia de medidas de controle aplicadas localmente.

Um dos avanços mais promissores do estudo é a possibilidade de utilizar a técnica conhecida como gene drive, que permite alterar geneticamente mosquitos para reduzir sua capacidade de transmitir o parasita da malária.

Os cientistas identificaram que um alvo usado em Anopheles gambiae, outra espécie importante na transmissão da doença, é compatível com An. funestus, facilitando a adaptação da técnica. A aplicação de gene drive poderia reduzir a população de fêmeas ou modificar características biológicas que impeçam a transmissão da malária.

Apesar das promessas, os pesquisadores alertam para desafios significativos. A diversidade genética das populações, a existência de grupos isolados e a necessidade de monitorar possíveis efeitos colaterais das intervenções biológicas são pontos que exigem cuidado. Ainda assim, o novo entendimento da evolução do An. funestus oferece uma base sólida para o desenvolvimento de estratégias de controle mais precisas, direcionadas e potencialmente mais eficazes.

Com milhões de pessoas afetadas anualmente pela malária na África, avanços científicos como este representam esperança para a redução significativa da doença, combinando métodos tradicionais e inovações biotecnológicas para enfrentar um problema de saúde pública de longa data.

 

 

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