
Pesquisadores alertam que mudanças climáticas e urbanização desordenada vão favorecer a proliferação do Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chikungunya
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Um estudo divulgado na revista científica PLOS Neglected Tropical Diseases prevê que o Brasil deve enfrentar um aumento expressivo no risco de doenças causadas por mosquitos nas próximas décadas. De acordo com as projeções, até 2080 a densidade populacional do Aedes aegypti poderá crescer entre 11% e 30%, dependendo do cenário de emissões de gases de efeito estufa e da adoção de políticas de mitigação climática.
Os pesquisadores utilizaram um modelo matemático baseado em equações diferenciais para estimar a evolução da população do mosquito entre 2024 e 2080. O cálculo considerou fatores como aquecimento global, crescimento urbano e impacto das atividades humanas no meio ambiente.
O Aedes aegypti é um dos principais vetores de doenças no Brasil, responsável pela transmissão de dengue, zika e chikungunya. De acordo com dados internacionais, os mosquitos são considerados os animais mais letais do planeta, provocando cerca de 1 milhão de mortes por ano e infectando mais de 700 milhões de pessoas em todo o mundo.
Cenários futuros
No cenário de menores emissões, o crescimento da população de mosquitos seria de 11% até 2080. Já em um cenário de maiores emissões, a expansão chegaria a 30% no mesmo período. O aumento, segundo o estudo, não será uniforme: regiões Sul e Sudeste devem registrar os maiores avanços na densidade do inseto.
A urbanização desordenada também aparece como fator determinante para a proliferação, já que favorece a criação de criadouros. Além disso, temperaturas mais altas aceleram o ciclo de vida dos mosquitos, ampliando sua capacidade de reprodução e aumentando a quantidade de picadas diárias.
Alerta dos cientistas
Os autores do estudo reforçam que a expansão da população de mosquitos tende a superar o crescimento populacional humano, o que deve ampliar a transmissão de doenças. Para eles, reduzir riscos exigirá uma ação coordenada entre políticas de combate às mudanças climáticas, estratégias de controle de vetores e maior atenção à equidade em saúde pública.
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