
Medida divide opiniões e reacende debate sobre privacidade
Por Chico Gomes | GNEWSUSA
O governo britânico anunciou nesta sexta-feira (26) a criação de um documento de identidade digital, armazenado em smartphones, que será obrigatório a partir de 2029 para comprovar o direito de trabalhar no país. A iniciativa faz parte do plano do primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer para reduzir a imigração ilegal e coibir o trabalho irregular, um dos principais atrativos para quem entra clandestinamente no Reino Unido.
Segundo o governo, o documento vai dificultar o acesso de imigrantes sem autorização ao mercado de trabalho e oferecerá benefícios aos cidadãos, como a possibilidade de comprovar identidade de forma rápida para acessar serviços essenciais. “Você não poderá trabalhar no Reino Unido se não tiver uma identidade digital. É tão simples como isso”, declarou Starmer.
A proposta reacende um debate histórico no país, que não possui um documento nacional de identidade, e levanta preocupações sobre privacidade e controle estatal. De acordo com dados do Instituto Ipsos, 57% dos britânicos apoiam a implementação de um documento de identidade, mas esse número cai para 38% quando a proposta é digital, devido ao temor de vazamento de dados.
A líder da oposição conservadora, Kemi Badenoch, criticou a obrigatoriedade do sistema e prometeu resistência no Parlamento. Já Nigel Farage, líder do partido Reform UK, disse não ver benefício na medida, acusando o governo de tentar “controlar o que fazemos, o que gastamos e para onde vamos”.
Desde que assumiu em julho do ano passado, Starmer endureceu o combate à imigração ilegal, com aumento de 50% nas detenções por trabalho irregular e novas exigências para que empresas e aplicativos de entrega reforcem a checagem de identidade de funcionários.
A França tem pressionado o Reino Unido a adotar medidas mais rigorosas, alegando que a facilidade de encontrar emprego atrai imigrantes ilegais pelo Canal da Mancha.
O governo garante que o sistema utilizará tecnologia de ponta em criptografia para proteger os dados dos cidadãos e afirma que o plano também ajudará a desarticular redes criminosas que lucram com o tráfico de pessoas para o mercado de trabalho informal, que hoje representa 8,8% da economia britânica.
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