Juiz auxiliar de Moraes deixa o STF após sanção dos EUA

Saída de Rafael Rocha amplia lista de ex-colaboradores de Alexandre de Moraes que se afastaram em meio à pressão internacional e questionamentos sobre sua atuação

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

O juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha deixou oficialmente o Supremo Tribunal Federal (STF) após ser alvo de sanções impostas pelos Estados Unidos, que determinaram a suspensão de seu visto norte-americano. A decisão de Rocha, que até então integrava a equipe de confiança do ministro Alexandre de Moraes, aprofunda a crise interna em torno da estrutura de colaboradores do magistrado, marcada por sucessivas baixas.

A saída não é um episódio isolado. Antes dele, Airton Vieira, Rogério Marrone e André Tudisco também se afastaram, todos nomes que desempenharam papéis importantes em momentos decisivos das investigações conduzidas por Moraes. Essas movimentações, somadas, sinalizam um enfraquecimento do núcleo duro que sustentava a atuação do ministro dentro e fora da Corte.

A sanção norte-americana foi aplicada com base na Lei Magnitsky, legislação criada para responsabilizar autoridades acusadas de violações de direitos humanos ou de atos considerados abusivos contra garantias democráticas. Nos documentos que embasaram a decisão, autoridades dos EUA apontaram episódios de restrição de liberdades civis e tratamento controverso em inquéritos sigilosos, nos quais Rocha teria desempenhado papel ativo.

Um dos exemplos citados por críticos é o depoimento do ex-assessor presidencial Filipe Martins, conduzido sob a relatoria de Moraes. Martins e outros investigados alegaram ter sofrido constrangimentos e excessos processuais, reclamações que encontraram eco em relatórios de entidades internacionais que monitoram práticas do Judiciário.

A debandada de auxiliares também lança dúvidas sobre o futuro da própria imagem de Moraes, que já havia sido pessoalmente sancionado pelos EUA no mesmo pacote de medidas. Se, por um lado, o ministro mantém o apoio formal de seus pares no STF e do governo brasileiro, por outro enfrenta um cerco diplomático crescente. A situação o coloca numa posição delicada, em que suas decisões judiciais passam a ser observadas não apenas internamente, mas também sob a ótica da comunidade internacional.

Nos bastidores da Corte, ministros avaliam que a perda sucessiva de colaboradores próximos pode fragilizar a capacidade operacional de Moraes, sobretudo em processos complexos como os inquéritos relacionados a atos antidemocráticos, fake news e segurança institucional.

Já no campo político, parlamentares da oposição têm usado o episódio como argumento para reforçar a narrativa de que o ministro estaria **“radioativo” e isolado”.

O governo federal, até o momento, mantém silêncio absoluto sobre a decisão de Washington. Para analistas, essa postura reflete a tentativa de evitar um embate diplomático direto, mas, ao mesmo tempo, evidencia que o Brasil não pretende comprar a briga internacional em defesa de Moraes e de seus auxiliares.

Com a saída de Rafael Rocha, a lista de baixas em torno de Alexandre de Moraes cresce, e a pressão se amplia não apenas sobre sua gestão, mas também sobre os limites de atuação de ministros do STF em investigações de grande repercussão. O episódio pode marcar o início de uma reconfiguração na condução desses processos, com impacto direto no equilíbrio político e jurídico do país.

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