
Principais causas de morte entre os brasileiros, as doenças cardiovasculares poderiam ser evitadas em grande parte com prevenção e tratamento precoce; Norte e Nordeste têm menor acesso a cuidados especializados
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
As doenças cardiovasculares (DCV) provocam aproximadamente 400 mil mortes por ano no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Elas representam cerca de 30% de todos os óbitos no país, configurando-se como a principal causa de morte entre os brasileiros. Especialistas alertam que até 80% dessas mortes poderiam ser evitadas com medidas preventivas e tratamento adequado, incluindo hábitos de vida saudáveis e acompanhamento médico regular.
Panorama nacional
As doenças cardiovasculares incluem infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca, arritmias e doenças das artérias e veias. Segundo dados da SBC, uma pessoa morre a cada 90 segundos no Brasil em decorrência dessas enfermidades, o que equivale a 46 mortes por hora ou mais de 1.100 mortes por dia.
Em termos proporcionais, as DCV respondem por quase três em cada dez óbitos registrados no país, superando mortes causadas por câncer, acidentes ou doenças infecciosas.
Comparativo regional
O impacto das doenças cardiovasculares é desigual entre as regiões do Brasil:
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Sudeste: concentra cerca de 45% das mortes por doenças cardiovasculares, impulsionado por fatores como alta urbanização, envelhecimento da população e estilo de vida mais sedentário.
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Sul: apresenta taxa elevada, especialmente em áreas metropolitanas, refletindo índices significativos de obesidade e hipertensão.
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Nordeste e Norte: têm taxas menores em números absolutos, mas enfrentam desafios relacionados ao acesso a serviços de saúde especializados. Nessas regiões, muitos pacientes chegam aos hospitais já em estágio avançado da doença, elevando a mortalidade.
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Centro-Oeste: registra taxas intermediárias, mas com crescimento nos últimos anos devido ao aumento do sobrepeso e do diabetes.
Especialistas apontam que a disparidade no acesso a exames, medicamentos e acompanhamento contínuo é um dos maiores obstáculos para reduzir as mortes por DCV no Brasil.
Principais fatores de risco
A SBC e o Ministério da Saúde identificam como principais fatores de risco:
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Hipertensão arterial (pressão alta);
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Diabetes mellitus;
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Obesidade e sobrepeso;
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Tabagismo;
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Sedentarismo e alimentação rica em ultraprocessados e gorduras;
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Estresse crônico e consumo excessivo de álcool;
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Envelhecimento da população.
A combinação de dois ou mais desses fatores aumenta significativamente o risco de infarto e AVC.
Prevenção e avanços nas políticas públicas
A SBC estima que até 80% das mortes por doenças cardiovasculares poderiam ser prevenidas com ações como:
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Controle rigoroso da pressão arterial e do diabetes;
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Redução do consumo de sal, gorduras e alimentos ultraprocessados;
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Prática regular de atividades físicas;
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Abandono do tabagismo;
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Tratamento precoce e acompanhamento contínuo de pessoas com fatores de risco.
Para enfrentar o problema, o Ministério da Saúde criou, em 2021, a Estratégia de Saúde Cardiovascular (ESC), que capacita profissionais da atenção primária a diagnosticar precocemente fatores de risco e acompanhar pacientes. Programas de rastreamento e distribuição de medicamentos para controle de hipertensão e colesterol também fazem parte das ações públicas.
Tendências e desafios
Apesar de avanços na prevenção e no acesso a medicamentos, os índices de mortalidade permanecem altos. O envelhecimento da população brasileira, aliado ao sedentarismo e ao aumento da obesidade, tem mantido a pressão sobre o sistema de saúde.
Especialistas reforçam que o enfrentamento das DCV exige campanhas permanentes de educação em saúde, fortalecimento da atenção primária e ampliação do acesso a exames e tratamentos, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
Contexto global
As doenças cardiovasculares também são a principal causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Globalmente, provocam mais de 17 milhões de mortes anuais, e, assim como no Brasil, grande parte poderia ser evitada com mudanças de estilo de vida e políticas públicas mais eficazes.
- Leia mais:
https://gnewsusa.com/2025/10/brasil-reforca-acoes-de-prevencao-ao-suicidio-e-saude-mental/
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